A demolição por Pyongyang do escritório de relações entre as Coreias voltou a confirmar que Kim Yo-jong, a irmã mais nova do líder norte-coreano Kim Jong-un é uma das pessoas mais poderosas do isolado regime e potencial herdeira do poder
A demolição por Pyongyang do escritório de relações entre as Coreias voltou a confirmar que Kim Yo-jong, a irmã mais nova do líder norte-coreano Kim Jong-un é uma das pessoas mais poderosas do isolado regime e potencial herdeira do poder.
Em março, o primeiro comunicado oficial foi publicado em seu nome. Desde então, sua influência não parou de crescer e e está no centro da estratégia norte-coreana de ruptura com Seul.
No último fim de semana, ela anunciou que era necessário "destruir completamente o inútil escritório de relações". Na terça-feira (16), as autoridades norte-coreanas explodiram o prédio, um dos símbolos da distensão entre as Coreias.
Kim Yo-jong é uma das assessoras mais próximas de Kim Jong-un, o que a transforma em uma das mulheres mais poderosas do regime.
Oficialmente, ela é membro suplente do politburo do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, para o qual foi nomeada em outubro de 2017. Em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias KCNA, ela fala, porém, sobre "meu poder autorizado pelo líder supremo, nosso partido e o Estado".
Nascida em 1988, segundo o Ministério sul-coreano da Unificação, Yo-hong é um dos três filhos nascidos da união entre o falecido líder Kim Jong-il e sua terceira esposa conhecida, a ex-bailarina Ko Yong-hui. Mantém um vínculo muito especial com o líder supremo, porque ambos têm a mesma mãe.
Assim como seu irmão, ela estudou na Suíça e ascendeu rapidamente na hierarquia desde que Kim Jong-un herdou o poder após a morte do pai em 2011.
Em 2009, fez a primeira aparição pública em uma visita com o pai a uma universidade agrícola. E, até a morte de Kim Jong-il, era uma figura recorrente de seu entorno. Nas fotos do funeral, aparece atrás de Kim Jong-un.
Nos últimos anos, sempre esteve ao seu lado. "Se mostrou muito fiel na promoção do irmão como líder supremo, polindo sua imagem nos níveis interno e externo, além de ajudá-lo a ponto de ser, de fato, a chefe de gabinete", afirma a professora de Ciência Política Katherine Moon, da Wellesley College.
Durante a viagem de trem de 60 horas de seu irmão para participar da segunda reunião de cúpula com o presidente americano, Donald Trump, em fevereiro de 2019, em Hanói, ela foi vista carregando um cinzeiro quando desceu para fumar em uma plataforma.
"Não há nenhuma dúvida de que Kim Jong-un tem uma relação muito próxima com a irmã", observa Yang Moo-jin, da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul.
"Jong-un e Yo-jong passaram boa parte da juventude de modo solitário no exterior. Penso que, naquele momento, desenvolveram uma forma de camaradagem, além de amor fraterno", afirma.
Nenhuma mulher governou até hoje a Coreia do Norte, mas alguns analistas a consideraram uma possível candidata à sucessão do irmão quando surgiram boatos sobre a saúde de Kim Jong-un após uma ausência de várias semanas em eventos públicos.
Todos os membros da dinastia que reina com mão de ferro neste país pobre e fechado há mais de 70 anos são reverenciados como pertencentes à "estirpe Paektu", o nome da maior montanha do país, que teria sido o local de nascimento de Kim Jon-il. E Yo-jong também pertence a esta categoria.
Alguns analistas acreditam que sua onipresença nos últimos meses na imprensa norte-coreana para criticar os dissidentes que enviam propaganda a partir do Sul para o território do Norte e o fato de estar diretamente associada a um ato como a destruição do escritório de relações pode ter como objetivo reforçar sua credibilidade ante o Exército norte-coreano e os falcões do regime.