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Líbano adotará câmbio flutuante após obter ajuda externa

O Líbano adotará um regime de câmbio flutuante, conforme as condições do Fundo Monetário Internacional (FMI), após obter ajuda externa, disse o ministro das Finanças do Líbano, Ghazi Wazni, em entrevista à AFP nesta sexta-feira (15)

AFP
15/05/2020 às 14:04.
Atualizado em 30/03/2022 às 00:59

O Líbano adotará um regime de câmbio flutuante, conforme as condições do Fundo Monetário Internacional (FMI), após obter ajuda externa, disse o ministro das Finanças do Líbano, Ghazi Wazni, em entrevista à AFP nesta sexta-feira (15).

A libra libanesa, indexada ao dólar desde 1997 com uma taxa de câmbio fixa de 1.507 libras por dólar, desvalorizou-se acentuadamente nos últimos meses e, em abril, ultrapassou a barreira de 4.000 libras por dólar nas casas de câmbio.

Ambas as moedas são de uso corrente no Líbano, um país super endividado mergulhado em uma crise econômica sem precedentes desde o final da guerra civil (1975-1990), marcada por uma inflação desenfreada.

"O FMI exige [...] um câmbio flutuante, mas o governo libanês pediu uma fase de transição", explicou Wazni.

O executivo iniciou negociações esta semana com o FMI, a fim de obter ajuda crucial no âmbito de um plano de resgate para reavivar a economia, à beira do naufrágio.

O plano foi apresentado no final de abril, em um contexto de forte agitação social e de novos protestos, apesar da pandemia de COVID-19.

"Adotaremos num futuro breve, em um primeiro momento, uma política de taxa de câmbio flexível. E, quando recebermos apoio financeiro externo, passaremos para a [taxa] flutuante", acrescentou, antecipando um "aumento progressivo" da taxa de dólar/libra, "em coordenação com as autoridades monetárias".

Uma liberalização imediata do regime monetário pode levar a "uma rápida deterioração da taxa de câmbio [...] e um aumento significativo da inflação", afirmou Wazni.

"A taxa de inflação deve chegar a 53% em 2020", acrescentou.

O governo libanês também quer reduzir o número de bancos comerciais que operam no país pela metade, de acordo com o plano de resgate econômico, que também inclui um programa de reestruturação do setor bancário, segundo Wazni.

"A reestruturação dos bancos será realizada passo a passo" e poderá levar a fusões, apontou.

"No Líbano, existem 49 bancos comerciais. Desta forma, é normal que esse número seja reduzido em quase metade durante a próxima etapa", afirmou.

A situação econômica desastrosa foi um dos gatilhos que, em outubro de 2019, provocou um levante sem precedentes contra toda a classe política, que parte da população acusa de corrupção e incompetência.

Os bancos são frequentemente alvos de alguns manifestantes, que às vezes vandalizam agências durante os protestos.

rh-bek/mdz/jvb/es/mr

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