Tragédia no ônibius

Linha 444: mãe quer justiça

Após oito dias, vítima diz acreditar que a filha está viajando

Ana Cristina Andrade
29/06/2022 às 07:47.
Atualizado em 29/06/2022 às 07:49
Mulher diz que quer ver sua família indenizada, por conta da tragédia (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

Mulher diz que quer ver sua família indenizada, por conta da tragédia (Mateus Medeiros/Gazeta de Piracicaba)

“Se vocês me perguntarem como tudo aconteceu, não sei de nada porque quando levei a facada eu saí correndo e fui a primeira pessoa a ser socorrida. Não vi o que havia acontecido com minha filha. Para mim, hoje, faz oito dias que ela está viajando", disse ontem Maria Adelina Gomes da Silva, 59, uma das sobreviventes ao ataque dentro do ônibus da linha 444, no último dia 21, sobre a filha Adriana Coelho da Silva, 42, que morreu dentro do coletivo.

Adelina, que recebeu alta dois dias após a tragédia que deixou mais dois mortos e outros dois feridos, recebeu a Gazeta ontem de manhã em sua casa. A mineira, que se mudou para Piracicaba há 40 anos, disse que, além da justiça divina, quer para a sua família a justiça da terra.

"Quero receber uma indenização. Eu pago ônibus e tenho que ter segurança. Naquele dia eu tinha ido buscar uma cesta básica para matar minha fome", declarou. Adriana, segundo a mãe, estava no mesmo ônibus que ela porque voltava do trabalho.

"A gente é uma família de classe média, quando cheguei em Piracicaba cortei muita cana, consegui minha casinha, criei meus filhos e tenho só um olho porque o outro perdi trabalhando. Tenho muitas dificuldades hoje, principalmente para comprar os remédios que tomo diariamente”, observou. A gente não pode sair na rua, para comprar uma bala, porque pode não voltar para casa", destacou.

Adelina diz que precisa de um advogado que possa entrar com o pedido de indenização, mas não tem condições de arcar com as despesas. "Ganho um salário mínimo e estou gastando o que não tenho. Só o antibiótico que estou tomando custou R$ 105,00", observou.

A mulher, como as demais vítimas, também foi golpeada no pescoço. "Se não for feita justiça agora, isso vai continuar. Então, eu quero receber meus direitos. Estou com o pagamento de água atrasado, tenho que comprar outros medicamentos, um colírio e pomada para o olho que são caros, e não tenho dinheiro para comprar", completou.

A vítima sobrevivente mais grave, que é um jovem de 18 anos, permanece internada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital dos Fornecedores de Cana, e seu estado de saúde é regular.

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