INTERNACIONAL

Londres e Bruxelas não desistem de negociação pós-Brexit, apesar do caos pelo coronavírus

Londres e Bruxelas não desistem de sua tentativa de alcançar um complexo acordo comercial que amenize sua ruptura dentro de nove dias, uma situação agravada pelo surgimento de uma variante do coronavírus que mantém as fronteiras com o Reino Unido fechadas

AFP
22/12/2020 às 11:08.
Atualizado em 24/03/2022 às 00:00

Londres e Bruxelas não desistem de sua tentativa de alcançar um complexo acordo comercial que amenize sua ruptura dentro de nove dias, uma situação agravada pelo surgimento de uma variante do coronavírus que mantém as fronteiras com o Reino Unido fechadas.

Uma fonte europeia afirmou nesta terça-feira (22) que o primeiro-ministro britânico Boris Johnson e a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen conversaram por telefone ontem sobre esta complicada negociação, iniciada em março mas que ainda está paralisada.

Ao contrário das ocasiões anteriores, as duas partes optaram pela discrição sobre esta ligação.

Os dois líderes também falaram sobre a crise de saúde, agravada no Reino Unido pelo surgimento de uma mutação do coronavírus que provocou o fechamento de fronteiras por parte de dezenas de países e paralisou o tráfego de mercadorias com a vizinha França.

O Reino Unido, que abandonou oficialmente a União Europeia em 31 de janeiro, corta definitivamente seus laços com o bloco no final do mês. No entanto, e apesar do pouco tempo restante, britânicos e europeus continuam sem alcançar um acordo comercial que amenize suas consequências.

As negociações, que de acordo com várias fontes registraram alguns avanços nos últimos dias de intensos contatos em Bruxelas, continuam bloqueadas em torno da exigência europeia de continuar pescando nas ricas águas britânicas, uma questão de pouco peso econômico, mas que se transformou em uma verdadeira batalha política para ambos os lados do Canal da Mancha.

O Reino Unido insiste em "recuperar o controle de sua pesca" após o fim do período de transição, em 31 de dezembro.

Mas a negociação foi ofuscada pelo caos provocado no transporte de mercadorias após a detecção na Inglaterra desta nova variante do coronavírus, mais infecciosa que as anteriores.

A União Europeia tentará coordenar nesta terça-feira, em uma reunião com seus 27 embaixadores em Bruxelas, as medidas tomadas por vários países para cortar suas conexões com o Reino Unido.

Os embaixadores também serão informados pelo negociador-chefe europeu, Michel Barnier, do estado das negociações comerciais, sobre as quais volta a pairar a ameaça de uma separação brutal em 1o de janeiro.

Apesar das graves consequências econômicas que teria para a economia britânica - muito duramente atingida pela pandemia e, segundo um recente relatório parlamentar, insuficientemente preparada para sair do mercado único e da união aduaneira -, Johnson reiterou na segunda-feira que os termos de uma ruptura sem acordo "seriam mais que satisfatórios para o Reino Unido".

"Podemos enfrentar qualquer dificuldade em nosso caminho", garantiu.

Enquanto isso, o prazo máximo estabelecido pelo Parlamento Europeu com o objetivo de validar um eventual tratado a tempo de que entre em vigor em 1º de janeiro expirou em 20 de dezembro.

Agora, se as duas partes chegarem a um acordo de última hora nesta ou na próxima semana, este deverá ser aplicado provisoriamente sem validação. Outro cenário envolve alguns dias de ruptura brusca à espera de que as Câmaras se reúnam e aprovem um texto de 700 páginas repleto de detalhes técnicos.

Neste contexto, agravado pelo medo no Reino Unido de uma falta de suprimentos se as fronteiras não forem reabertas logo, a primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon - crítica ferrenha do Brexit - e o prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Khan, pediram a Johnson para prorrogar o período de transição para depois do fim do ano.

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