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Londres propõe vistos mais longos a milhões de cidadãos de HK

A partir deste domingo (31), milhões de cidadãos de Hong Kong poderão solicitar novos vistos que lhes permitirão permanecer mais tempo na Grã-Bretanha e depois se candidatar à naturalização, uma forma da ex-potência colonial oferecer uma saída para aqueles que querem fugir da repressão chinesa

AFP
31/01/2021 às 09:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 19:39

A partir deste domingo (31), milhões de cidadãos de Hong Kong poderão solicitar novos vistos que lhes permitirão permanecer mais tempo na Grã-Bretanha e depois se candidatar à naturalização, uma forma da ex-potência colonial oferecer uma saída para aqueles que querem fugir da repressão chinesa.

Os titulares de um passaporte britânico ultramar (British National Overseas, BNO) e seus familiares passaram a poder, a partir das 6h00 deste domingo, solicitar online um visto de residência na Grã-Bretanha, com direito a viver e trabalhar, por cinco anos. Aos final deste período, poderão solicitar a cidadania.

Até agora, eles só tinham permissão de visitar o Reino Unido por seis meses, sem poder trabalhar.

Esta reforma é a resposta de Londres à controversa decisão de Pequim de impor uma lei de segurança nacional draconiana em sua região semi-autônoma para deter todas as formas de dissidência, após a massiva mobilização popular de 2019.

A Grã-Bretanha acusou a China de renegar sua promessa feita antes da devolução de Hong Kong em 1997 de preservar as liberdades e autonomia do território por pelo menos meio século. Londres justificou como dever moral ajudar sua ex-colônia.

"Honramos nossos laços profundos, históricos e amigáveis com o povo de Hong Kong, e defendemos a liberdade e a autonomia", disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em comunicado esta semana.

Esta reforma provocou a ira da China, que anunciou que deixaria de reconhecer os passaportes BNO, herdados da retrocessão. Uma decisão simbólica porque os cidadãos de Hong Kong geralmente usam sua carteira de identidade local para deixar o território.

Mas Pequim disse que está pronta para "outras medidas", aumentando o temor de que as autoridades estejam tentando impedir os habitantes de Hong Kong de partir.

No domingo, a agência oficial Xinhua acusou Londres de ter uma "mentalidade colonial", alertando que as novas disposições prejudicariam as "relações bilaterais" e os "interesses de longo prazo da Grã-Bretanha".

O Escritório de Ligação, que representa o governo central em Hong Kong, expressou neste domingo em um comunicado sua "forte condenação e oposição total" às medidas.

Não se sabe quantas pessoas de Hong Kong solicitarão este visto, especialmente num contexto de pandemia que complica as viagens internacionais e pesa sobre as economias, sabendo que a situação de saúde é muito melhor em Hong Kong do que na Grã-Bretanha.

Sabe-se apenas que cerca de 70% da população de Hong Kong, que é de 7,5 milhões de habitantes, poderá solicitar este visto.

Os pedidos de passaporte BNO aumentaram mais de 300% desde que a lei de segurança entrou em vigor no final de junho. Havia 733.000 titulares de BNO em meados de janeiro.

Londres estima que 150.000 pessoas de Hong Kong podem chegar nos próximos 12 meses e 322.000 nos próximos cinco anos.

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