INTERNACIONAL

Lula teme 'genocídio' com política de Bolsonaro para o coronavírus

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista à AFP, que "fica rezando" para que "o povo brasileiro escape deste genocídio de responsabilidade, causado pelo [presidente Jair] Bolsonaro", ao criticar as políticas do mandatário ante o avanço do novo coronavírus

AFP
15/05/2020 às 13:04.
Atualizado em 30/03/2022 às 01:00

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista à AFP, que "fica rezando" para que "o povo brasileiro escape deste genocídio de responsabilidade, causado pelo [presidente Jair] Bolsonaro", ao criticar as políticas do mandatário ante o avanço do novo coronavírus.

"O governo transforma as pessoas que estão preocupadas com o coronavírus em inimigos. Então, não pode dar certo", advertiu Lula, de 74 anos, referindo-se aos ataques de Bolsonaro contra os governadores que decretaram medidas de distanciamento social por suas consequências econômicas.

O ex-sindicalista, que liderou as greves do final dos anos 1970 contra a ditadura militar (1964-85), mostrou-se, por outro lado, alarmado com a forte presença de militares no governo do ex-capitão que, segundo disse, "não confia nos civis que trabalham com ele".

O ex-presidente (2003-2010), libertado em novembro após passar 19 meses na prisão por acusações de corrupção passiva, está confinado em sua casa nos arredores de São Paulo com a companheira, Rosângela da Silva, a "Janja".

"Eu estou fazendo muita reunião pela internet com sindicatos, com a CUT, com o PT, com deputados, com grupos sociais", contou na entrevista, realizada por videoconferência pelo aplicativo Zoom.

Confira os principais trechos desta conversa, celebrada na quinta-feira, quando o Brasil superava os 200.000 casos e beirava os 14.000 óbitos pela pandemia:

P: Quando o senhor saiu da prisão, rejeitava um impeachment de Bolsonaro, mas agora mudou de opinião. Por que?

R: Eu não mudei de opinião. O que acontece é que você não elege um presidente hoje e no dia seguinte tenta fazer o impeachment. Primeiro a pessoa tem que ter cometido crime de responsabilidade. Na minha opinião, Bolsonaro tem cometido vários crimes de responsabilidade, tem atentado contra a democracia, contra as instituições, contra o povo brasileiro. Ele não tem sequer respeito pelas pessoas que morreram [de COVID-19]. Não acho que o impeachment tem que ser feito por um partido político, tem que ser feito por uma instância que não seja partidária (...), porque se você entrar com uma proposta partidária, ela vai ser uma proposta ideologizada e será pretexto para que muitos deputados não queiram participar.

P: O PT estaria aberto a alianças mais amplas, com o centro ou a direita?

R: É difícil imaginar. É preciso fazer uma diferença entre a construção de uma frente ampla e uma aliança eleitoral (...) A aliança [eleitoral] do PT no Brasil será uma aliança pela esquerda.

P: E uma frente ampla é possível?

R: No Brasil temos 30 e poucos partidos (...) Os partidos não querem perder sua autonomia (...) O que a gente pode fazer é uma aliança ampla, não uma frente.

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