INTERNACIONAL

Macacos e horas extras na corrida pela vacina em um laboratório chinês

No laboratório farmacêutico de Shenyang, na China, a equipe trabalha até nos finais de semana, os preços dos macacos de laboratório dispararam, e a pressão cresce para encontrar o mais rápido possível uma vacina contra a COVID-19

AFP
19/06/2020 às 13:47.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:28

No laboratório farmacêutico de Shenyang, na China, a equipe trabalha até nos finais de semana, os preços dos macacos de laboratório dispararam, e a pressão cresce para encontrar o mais rápido possível uma vacina contra a COVID-19.

Localizada em Shenyang, no nordeste do país, a empresa privada Yisheng Biopharma trabalha 24 horas por dia desde janeiro para encontrar um remédio contra o coronavírus, detectado no final de 2019 na China.

Cruzar a linha de chegada seria uma vitória para o setor de vacinas chinês, atingido por muito tempo pelos escândalos, assim como um prestígio para o país, acusado pelos Estados Unidos de má gestão no início da epidemia.

A empresa não é a mais adiantada do mundo, nem mesmo na China. Ao contrário de uma dúzia de outros projetos no planeta, sua vacina ainda não iniciou os ensaios clínicos (em humanos).

O laboratório espera começar a produção em setembro para ter doses disponíveis no final de 2020, caso o produto seja aprovado pelas autoridades competentes.

"Essa vacina tem que chegar ao mercado rapidamente. Não se pode esperar pela próxima temporada epidêmica para concluir os ensaios clínicos", disse à AFP o presidente da Yisheng Biopharma, Zhang Yi.

A urgência deixou seus pesquisadores sem um único dia de descanso desde o final de janeiro.

"Há muito a fazer", afirma.

A empresa está na fase de ensaios em animais. Os resultados dos primeiros testes com ratos e coelhos são animadores, pois os animais produziram uma grande quantidade de anticorpos, relata Zhang.

Uma eventual vacina deve ser capaz não apenas de proteger as pessoas com boa saúde, mas também de curar os doentes, segundo a Yisheng Biopharma.

A próxima etapa são os ensaios com macacos, mas o preço dos primatas disparou, devido à forte demanda dos laboratórios que competem para ser o primeiro a elaborar uma vacina e medicamentos anti-COVID-19, explica o presidente David Shao.

A Yisheng Biopharma costuma pagar entre 10.000 e 20.000 iuanes (algo entre US$ 1.412 e US$ 2.825) por macaco. Agora, esses animais podem custar até 100.000 iuanes, conta.

A China é um dos principais fornecedores mundiais de macacos para pesquisa. Em 2019, exportou 20.000 e usou 18.000 no mercado interno, afirma o presidente da empresa fornecedora de animais de laboratório Beijing HFK, Liu Yunbo.

A Yisheng Biopharma já gastou cerca de 2,7 milhões de euros (um pouco mais de US$ 3 milhões) em sua pesquisa contra a COVID-19.

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