INTERNACIONAL

'Made in Hong Kong' vítima das tensões entre EUA e China

Em Hong Kong, os funcionários da fábrica de molhos Koon Chun trabalham duro para cobrir centenas de milhares de garrafas com um novo rótulo "Made in China", prova de que essa popular marca de Hong Kong é vítima das tensões sino-americanas

AFP
06/09/2020 às 11:26.
Atualizado em 25/03/2022 às 08:40

Em Hong Kong, os funcionários da fábrica de molhos Koon Chun trabalham duro para cobrir centenas de milhares de garrafas com um novo rótulo "Made in China", prova de que essa popular marca de Hong Kong é vítima das tensões sino-americanas.

Fundada há um século, a empresa familiar sobreviveu a uma guerra mundial, a inúmeras crises econômicas e ao lento desaparecimento da indústria manufatureira de Hong Kong, em benefício da força de trabalho muito menos cara da China continental.

Produz molhos de soja e de ostra que são muito apreciados em restaurantes chineses em todo o mundo.

Mas, desde novembro, para serem vendidos nos Estados Unidos, os produtos importados de Hong Kong devem ter a inscrição "Made in China".

Esta medida foi imposta por Washington em resposta à nova e draconiana lei de segurança nacional que Pequim passou a aplicar no território semi-autônomo.

A nova regra foi anunciada em julho pela alfândega dos Estados Unidos, dois dias antes de um embarque de 1.300 caixas de molhos Koon Chun para Atlanta.

Da noite para o dia, os funcionários foram forçados a colar os novos rótulos em todas as mercadorias destinadas aos Estados Unidos.

"Era uma missão impossível", disse Daniel Chan à AFP, na fábrica fundada em 1928 por seu avô.

A adoção da lei de segurança chinesa é vista como a resposta de Pequim a meses de manifestações pró-democracia em Hong Kong em 2019.

A revogação em julho, como represália, do status comercial preferencial acordado pelos Estados Unidos a Hong Kong tem graves consequências.

As repercussões econômicas foram imediatas na ex-colônia britânica, que já se encontrava em recessão.

E os produtos "Made in Hong Kong" foram os primeiros a serem afetados.

Chan, que estudou em Harvard, nos Estados Unidos, esperava que o cenário político mudasse em Hong Kong, mas não tão rápido.

"Imaginava que algo aconteceria por volta de 2047, data oficial do fim do princípio "Um país, dois sistemas"", diz Chan, referindo-se ao acordo de devolução que garantiu a Hong Kong 50 anos de liberdades desconhecidas no resto da China.

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