INTERNACIONAL

Madri pede explicações a Marrocos por declarações sobre os enclaves de Ceuta e Melilla

Madri convocou com urgência a embaixadora marroquina nesta segunda-feira após declarações do primeiro-ministro daquele país propondo abrir a questão da soberania dos enclaves espanhóis no norte de Marrocos, Ceuta e Melilla

AFP
21/12/2020 às 20:52.
Atualizado em 23/03/2022 às 23:57

Madri convocou com urgência a embaixadora marroquina nesta segunda-feira após declarações do primeiro-ministro daquele país propondo abrir a questão da soberania dos enclaves espanhóis no norte de Marrocos, Ceuta e Melilla.

"Ceuta e Melilla é uma questão que deve ser aberta (...), está suspensa há cinco ou seis séculos, mas um dia poderá ser aberta", afirmou o primeiro-ministro marroquino, Saad Dine El Otmani, à rede egípcia El Sharq nesta segunda-feira.

As declarações geraram inquietação no governo espanhol, cujo Ministério das Relações Exteriores convocou imediatamente a embaixadora marroquina em Madri, Karima Benyaich.

Na reunião, foi noticiado que "a Espanha espera que todos os seus parceiros respeitem a soberania e integridade territorial do nosso país e pediu esclarecimentos sobre as declarações do primeiro-ministro de Marrocos", informou o Ministério em comunicado.

Situadas no norte de Marrocos, as cidades de Melilla e Ceuta estão sob soberania espanhola desde os séculos XVI e XVII, respectivamente, e são o último vestígio dos territórios africanos anteriormente controlados pela Espanha.

A polêmica surge em um momento delicado nas relações entre os dois países, especialmente devido à questão do Saara Ocidental, uma ex-colônia espanhola parcialmente controlada por Rabat e reivindicada pelos independentistas da Frente Polisário.

A retomada das tensões na área entre ambas as partes e o reconhecimento pelos Estados Unidos da soberania marroquina sobre aquele território ressuscitaram as discrepâncias nesta questão entre Rabat e Madri.

O governo espanhol pede que sejam respeitadas as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que considera o Saara um "território não autônomo" e prevê a realização de um referendo de autodeterminação.

Questionado na entrevista sobre se Rabat se sente tão ligado a Ceuta e Melilla quanto ao Saara, El Otmani respondeu afirmativamente, embora tenha especificado que "o mais importante é construir uma coexistência e que a posição espanhola sobre o Sahara foi moderada".

dbh/af/am

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