Após sete anos de investigação internacional, o magnata franco-israelense dos diamantes Beny Steinmetz começou a ser julgado nesta segunda-feira (11), em Genebra, sob acusações de corrupção relacionadas a negócios de mineração na Guiné
Após sete anos de investigação internacional, o magnata franco-israelense dos diamantes Beny Steinmetz começou a ser julgado nesta segunda-feira (11), em Genebra, sob acusações de corrupção relacionadas a negócios de mineração na Guiné.
Acompanhado de seus advogados, o empresário e comerciante de diamantes de 64 anos, conselheiro do grupo Beny Steinmetz Group Resources (BSGR), atuante nos setores de recursos naturais e imóveis, chegou ao tribunal correcional de Genebra 20 minutos antes do início da audiência.
O julgamento vai até sexta-feira, mas o veredicto será conhecido apenas em duas semanas.
Em razão da pandemia de coronavírus, painéis de acrílico foram colocados para separar os advogados. Apenas Beny Steinmetz e seu advogado Marc Bonnant compartilham o mesmo espaço.
Conhecido por ter feito fortuna na indústria de diamantes, Steinmetz contesta as conclusões do Ministério Público de Genebra, que o acusa de "corrupção de funcionários públicos estrangeiros e falsificação de títulos".
O caso remonta ao final dos anos 2000, quando o governo guineense do ex-presidente Lansana Conté, pouco antes da morte do presidente em 2008, despojou o grupo anglo-australiano Rio Tinto da exploração de uma das mais importantes jazidas de ferro do mundo, em Simandou, Guiné, para benefício da BSGR.
De acordo com o MP, um "pacto de corrupção" foi então alcançado entre Beny Steinmetz e seus representantes na Guiné e Lansana Conté e sua quarta esposa, Mamadie Touré.
Os alegados subornos ascenderiam a cerca de dez milhões de dólares.
Beny Steinmetz é julgado com outros dois réus, incluindo o francês Frédéric Cilins, que foi condenado a penas de prisão nos Estados Unidos em 2014 por este caso.
Mamadie Touré testemunhará em 13 de janeiro.
"Ela é a personagem-chave neste caso, mas é improvável que Mamadie Touré compareça ao julgamento pessoalmente. Vive atualmente nos Estados Unidos, onde goza do status de testemunha protegida", informou à AFP a porta-voz da ONG suíça Public Eye, Geraldine Viret, que em 2013 publicou um organograma muito complexo da BSGR.
A defesa alega, por sua vez, que Beny Steinmetz "nunca pagou um centavo à Sra. Mamadie Touré" e assegura que ela não era esposa do presidente Conté, mas uma amante sem qualquer influência.
A defesa também critica a forma como o ex-promotor Claudio Mascotto, encarregado do caso, conduziu a investigação e o acusa de ter viajado a Israel sem mencionar o fato nos autos.
No ano passado, um pedido de recusa de Mascotto foi rejeitado. Uma dupla de promotores, Yves Bertossa e Caroline Babel Casutt, assumiu o caso.
"Este caso é uma triste ilustração do problema da maldição dos recursos naturais: isto é, que um país tão rico em matérias-primas como a República da Guiné continue prisioneiro de uma pobreza extrema e paradoxal", afirmou Viret, da Public Eye.
Além disso, "o caso Steinmetz ilustra a devastação da opacidade, quando grupos a usam para obter enormes lucros às custas dos países pobres".