Endometriose

Mais de 6 milhões de mulheres sofrem com a doença

Ginecologista obstetra especialista em fertilidade da Santa Casa Saúde Piracicaba, Milena Goes, alerta sobre os riscos

Da Redação
06/05/2023 às 07:49.
Atualizado em 06/05/2023 às 07:49

Milena Goes: “Quanto antes diagnosticada aumentam as chances de melhores resultados” (Divulgação)

Endometriose. Uma em cada dez mulheres no Brasil é diagnosticada com essa doença inflamatória, que atinge cerca de 6 milhões de brasileiras com idade entre 13 a 45 anos. 57% delas, sofrem de dores crônicas e mais de 30% dos casos levam à infertilidade. Os dados são da Sociedade Brasileira de Endometriose e o alerta é da ginecologista obstetra especialista em fertilidade da Santa Casa Saúde Piracicaba, Milena Goes.

De acordo com ela, a endometriose é uma doença benigna que ocorre quando o tecido endometrial, aquele que reveste a camada interior do útero, se implanta fora da cavidade uterina ou em outros órgãos da pelve como trompas, ovários, intestino e bexiga. Ela provoca cólicas intensas e os diagnósticos têm se tornado cada vez mais comuns. “A camada do endométrio se forma todos os meses, a cada ciclo, para receber um embrião, fruto de uma gravidez; mas quando ela não ocorre, no final do ciclo, o endométrio descama e é expelido na menstruação”, explica Milena.

As causas da endometriose, de acordo com a ginecologista, ainda não são bem esclarecidas. “Existem diversas teorias, como alterações imunológicas, inflamatórias, estresse oxidativo e transformação celular. Mas uma das principais teorias seria a da Menstruação Retrógrada. Nela, o sangramento menstrual pode não ser totalmente eliminado pela vagina. Uma parte desse sangue pode refluir pelas trompas e cair na cavidade abdominal, causando as lesões endometrióticas”, explica.

Segundo Milena, não existem métodos para prevenção da endometriose e as causas desse comportamento ainda são desconhecidas. O que se sabe é que há um risco maior de desenvolver endometriose se a mãe ou irmã já sofrem com a doença.

Entre os sintomas que acometem mulheres com endometriose estão as dores: cólicas em intensidades variadas, podendo ser incapacitantes; dor durante da relação sexual; dor em toda a região pélvica. “Em algumas pacientes a doença pode estar presente na bexiga e na parede do intestino, causando dor para urinar e dor ao evacuar durante a menstruação”, enfatiza Milena.

“Como fator complicador, a endometriose pode desencadear dificuldade para engravidar e infertilidade e, em todo esse processo de dores, infertilidade, sofrimento e fadiga crônica poderá desencadear um quadro de depressão”, alerta a médica.

O diagnóstico da doença é realizado inicialmente com a anamnese, história clínica e exames físicos. O tratamento da paciente vai depender de vários fatores. “Por isso é importante reforçar que o acompanhamento, nesses casos, deve ser multiprofissional. Buscar ajuda de profissionais especializados como psicólogos, fisioterapeutas pélvicos, nutricionistas traz muita melhora dos sintomas. O cuidado com a saúde é muito importante. É recomendável que quando iniciam as primeiras menstruações a menina faça uma primeira consulta ao ginecologista e que esse acompanhamento e o autocuidado sejam um hábito em sua vida”, salientou Milena.

Não é possível prevenir o desenvolvimento da endometriose, segundo a ginecologista, mas a adoção de hábitos saudáveis e um acompanhamento adequado são importantes na manutenção da qualidade de vida e na atenção com os primeiros sintomas. “Quanto antes diagnosticada aumentam as chances de melhores resultados”, finalizou.

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