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Manifestações contra golpe prosseguem em Mianmar; militares ameaçam responder

Milhares de cidadãos saíram às ruas de Mianmar nesta segunda-feira (8) para protestar contra o golpe de Estado que derrubou o governo de Aung San Suu Kyi há uma semana e, pela primeira vez, as novas autoridades fizeram uma advertência contra os manifestantes e afirmaram que poderiam responder às ameaças contra a segurança pública

AFP
09/02/2021 às 11:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 20:43

Milhares de cidadãos saíram às ruas de Mianmar nesta segunda-feira (8) para protestar contra o golpe de Estado que derrubou o governo de Aung San Suu Kyi há uma semana e, pela primeira vez, as novas autoridades fizeram uma advertência contra os manifestantes e afirmaram que poderiam responder às ameaças contra a segurança pública.

O comandante-em-chefe do exército birmanês, Min Aung Hlaing, falou em público pela primeira vez nesta segunda-feira e justificou o golpe com uma "fraude eleitoral" durante as eleições legislativas de novembro.

Os militares também prometeram "realizar eleições livres e justas" no final do estado de emergência em um ano e um regime militar "diferente" do passado, em declarações à rede de televisão Myawaddy TV.

Mianmar viveu sob as ordens dos militares por quase 50 anos desde sua independência em 1948, e o golpe de 1º de fevereiro encerrou um hiato democrático de 10 anos.

Horas antes, as autoridades militares já haviam alertado os manifestantes sobre possíveis represálias.

"Ações devem ser tomadas de acordo com a lei contra infrações que perturbam, impedem e destroem a estabilidade do Estado, a segurança pública e o estado de direito", lembrou o canal de televisão MRTV.

Este é o primeiro alerta das autoridades desde o início das manifestações em massa no sábado, mas a pressão está aumentando: a polícia usou canhões de água nos protestos em Naipidau, a capital.

"Apoiamos o povo de Mianmar e apoiamos seu direito de se reunir pacificamente, incluindo protestar pacificamente em apoio ao governo democraticamente eleito", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

"Certamente estamos muito preocupados com os anúncios recentes dos militares para restringir as reuniões públicas", continuou Price em conversa com jornalistas.

O Reino Unido, a União Europeia e 19 outros membros do Conselho de Direitos Humanos da ONU convocaram uma reunião urgente sobre a situação em Mianmar nesta segunda-feira.

Este pedido "é uma resposta ao estado de emergência imposto em Mianmar, a detenção arbitrária de líderes políticos eleitos democraticamente e membros da sociedade civil", declarou o embaixador do Reino Unido nas Nações Unidas em Genebra, Julian Braithwaite.

A indignação da população está crescendo. Nesta segunda-feira, várias centenas de milhares de pessoas, de acordo com várias estimativas, se reuniram em Yangon, a capital econômica.

Nas passeatas, monges em vestes cor de açafrão, enfermeiras e estudantes puderam ser vistos carregando bandeiras com as cores da Liga Nacional para a Democracia (NLD), o partido de Aung San Suu Kyi, detida desde segunda-feira passada.

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