INTERNACIONAL

Manifestantes birmaneses tentam frustrar prisões de anti-golpistas

A oposição ao novo regime militar em Mianmar se intensificou neste sábado (13) com a aparição de grupos espontâneos de vigilância para frustrar as prisões de ativistas anti-golpistas, e uma resolução na ONU que pede a libertação de Aung San Suu Kyi

AFP
13/02/2021 às 09:55.
Atualizado em 23/03/2022 às 17:52

A oposição ao novo regime militar em Mianmar se intensificou neste sábado (13) com a aparição de grupos espontâneos de vigilância para frustrar as prisões de ativistas anti-golpistas, e uma resolução na ONU que pede a libertação de Aung San Suu Kyi.

As manifestações começaram cedo neste sábado e horas mais tarde reuniam várias dezenas de milhares de pessoas.

Os manifestantes, que levantavam três dedos em sinal de resistência, se concentraram no centro de Yangun, capital econômica do país, e o tráfego foi interrompido em um show de buzinas para celebrar o aniversário do pai da independência birmanesa, o general Aung San, que faria 106 anos hoje.

Desde o golpe de Estado de 1o de fevereiro, "mais de 350 políticos, representantes do Estado, ativistas e membros da sociedade civil, incluindo jornalistas, monges e estudantes, foram detidos", disse a ONU em uma sessão extraordinária do conselho de direitos humanos, classificando como "inaceitável" o uso da violência contra os manifestantes.

Nesta reunião foi adotada uma resolução que exige a libertação imediata de Aung San Suu Kyi.

Na sexta-feira à noite, comitês de vigilância cidadã foram formados espontaneamente para tentar dificultar a detenção de opositores.

Em um vídeo gravado em um bairro de Yangun, alguns moradores vão para a rua, desafiando o toque de recolher instaurado às 20h00, após boatos de uma operação policial para prender dissidentes.

Em Pathein (sul), centenas de pessoas marcharam à noite para o hospital público, algumas armadas com varas ou barras de ferro, para tentar defender o responsável médico do hospital, depois que souberam que havia sido preso pelo exército.

Este médico, que se uniu ao movimento de desobediência civil lançado nas primeiras horas após o golpe, foi detido enquanto atendia um paciente.

Em Yangun, médicos, estudantes e funcionários do setor privado marcharam por uma das principais avenidas da cidade. Desobedecendo a proibição de se reunir, muitos usavam as cores da Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi, e outros erguiam retratos da líder de 75 anos deposta, que está detida há 12 dias.

"Retornaremos ao trabalho somente quando o governo civil da "Mãe Suu" Kyi for restabelecido. Pouco importam as ameaças", declarou à AFP Wai Yan Phyo, um médico de 24 anos, antes da multidão se dispersar.

Houve protestos também em outras cidades, com jovens que cantavam rap e dançavam "coreografias anti-golpe".

A maioria dos protestos foi pacífica, mas a tensão era palpável.

As forças de segurança dispersaram brutalmente uma manifestação no sul do país. Várias pessoas ficaram levemente feridas por balas de borracha e pelo menos outras cinco foram detidas.

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