INTERNACIONAL

Manifestantes voltam às ruas de Mianmar após fim de semana mais violento desde o golpe

Os manifestantes pró-democracia voltaram às ruas nesta segunda-feira (29) em Mianmar, apesar da violenta repressão do fim de semana, que deixou mais de 100 mortos, incluindo crianças, e provocou a condenação internacional

AFP
29/03/2021 às 12:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 04:12

Os manifestantes pró-democracia voltaram às ruas nesta segunda-feira (29) em Mianmar, apesar da violenta repressão do fim de semana, que deixou mais de 100 mortos, incluindo crianças, e provocou a condenação internacional.

O sábado foi o dia mais sangrento desde o golpe militar de 1º de fevereiro, quando o Exército birmanês derrubou o governo da líder civil Aung San Suu Kyi.

Desde então, o Exército reprime diariamente as manifestações que exigem o retorno da democracia e a libertação dos ex-integrantes do governo civil.

A situação no país será debatida no Conselho de Segurança das Nações Unidas na quarta-feira, informaram fontes diplomáticas.

A ONU afirmou que 107 pessoas morreram no sábado, incluindo sete crianças. A imprensa independente citou 114 vítimas fatais.

O canal de televisão Myawaddy, controlado pelos militares, informou 45 mortes no sábado. A emissora justificou a repressão, alegando que os manifestantes usaram armas e bombas contra as forças de segurança.

Ao menos 459 pessoas morreram desde o golpe de Estado, segundo o balanço mais recente da Associação de Ajuda aos Presos Políticos (AAPP), uma ONG que registra as vítimas da repressão.

Nesta segunda-feira, centenas de pessoas protestaram em Plate, na região de Mandalay (centro), com faixas como "O povo jamais será vencido".

Dois jornalistas foram detidos em Myitkyina, a capital do estado de Kachin. Desde o golpe de Estado, 55 profissionais da imprensa foram detidos, e 25 permanecem na prisão.

Ao mesmo tempo, as famílias prosseguiram com os funerais das vítimas da repressão do fim de semana.

Na região de Sagaing, centenas de pessoas prestaram homenagem a Thinzar Hein, uma estudante de Enfermagem de 20 anos que foi morta a tiros quando ajudava as equipes de resgate no atendimento a manifestantes feridos.

Nesta segunda, a China pediu moderação a todas as partes e afirmou que "a violência e os confrontos sangrentos não servem aos interesses de nenhuma parte".

A Rússia expressou preocupação com o "crescente" número de vítimas civis.

"É terrível", disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à imprensa no domingo. "É absolutamente intolerável", completou.

Nesta segunda-feira, o governo americano suspendeu um acordo comercial com Mianmar.

"Os Estados Unidos condenam energicamente a brutal violência das forças de segurança birmanesas contra os civis", disse a representante comercial de Washington, Katherine Tai, ao anunciar que o acordo de comércio e investimento de 2013 com Mianmar permanecerá suspenso até o retorno da democracia.

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