INTERNACIONAL

'Maravilhosas', as mulheres que assumem seus corpos e se empoderam dançando

Brancas, negras, de cabelos lisos ou crespos, magras ou gordas: em uma aula normal das "Maravilhosas" não há padrão

AFP
08/03/2020 às 08:39.
Atualizado em 07/04/2022 às 08:46

Brancas, negras, de cabelos lisos ou crespos, magras ou gordas: em uma aula normal das "Maravilhosas" não há padrão. Todas as alunas ouvem a mesma mensagem na aula inaugural desta academia de dança de São Paulo: "Aqui ninguém critica ninguém".

Atriz formada no teatro, Grazi Meyer abriu o estúdio em 2016 com a premissa de atrair diversidade de silhuetas e histórias e com o objetivo de empoderar as mulheres através da expressão cultural.

A academia oferece aulas de "pole dance" e uma diversidade de coreografias e ritmos que permitem uma variedade inusitada de modalidades, muitas destinadas a públicos específicos como a "Maraviblack", que é "pensada por e para o corpo negro" ou a "Maraviplus Dançantchy", que é "pensada por e para o corpo gordo".

Mas nas "Maravilhosas - Corpo de Baile", a aula que deu origem ao empreendimento, o foco é "experimentar o corpo e usar a dança e o encontro como ferramentas de libertação dos padrões estéticos e de comportamento".

"Nosso corpo conta nossa história", diz Meyer, de 41 anos, às suas alunas. "Quando começamos a entender o nosso corpo, de onde vem e o que representa, começamos a vê-lo de outra forma", prossegue.

O empoderamento nestas aulas semanais passa por entender o próprio corpo e ser feliz com ele, mas também ganhar confiança para se vestir ou se arrumar, respondendo a critérios individuais.

"Sou sujeito, não objeto", diz Meyer, que afirma que "o machismo é problema de homem" e que "quem tem que lidar com isso e questionar as masculinidades são os homens".

O Brasil sofre com o flagelo do feminicídio - um a cada sete horas, segundo uma contagem do portal de notícias G1.

E traz histórias como a da adolescente que em janeiro filmou o assédio sofrido por um motorista de aplicativo durante uma corrida. Denunciado, o homem justificou o assédio gravado pela adolescente dizendo que ela vestia roupas curtas.

"Se alguém te assediar, te objetificar, te olhar de uma maneira desconfortável, você não está errada, você tem o direito de se comportar, se vestir, se movimentar, ir aonde quiser", diz Meyer.

Descalças e com roupas curtas, as "Maravilhosas" ensaiam coreografias cheias de sensualidade sem se preocupar com celulite, estrias, medidas ou estereótipos de beleza.

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