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Membro do Hezbollah acusado de assassinato

O Tribunal Especial para o Líbano (TSL) declarou culpado nesta terça-feira (18) Salim Ayash, suspeito de pertencer ao Hezbollah, pelo assassinato, em 2005, do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri, e absolveu outros três réus, após seis anos de julgamento

AFP
18/08/2020 às 19:25.
Atualizado em 25/03/2022 às 16:26

O Tribunal Especial para o Líbano (TSL) declarou culpado nesta terça-feira (18) Salim Ayash, suspeito de pertencer ao Hezbollah, pelo assassinato, em 2005, do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri, e absolveu outros três réus, após seis anos de julgamento.

"A câmara de primeira instância declara Ayyash culpado, além de qualquer dúvida razoável, como co-autor do homicídio intencional de Rafic Hariri", declarou o juiz presidente, David Re.

Posteriormente, os magistrados pronunciarão a sentença contra Ayyash, que, se algum dia for entregue ao tribunal, corre o risco de prisão perpétua.

Nenhum dos acusados compareceu ao tribunal, que os julgou à revelia. Salim Ayash, 56 anos, pode recorrer da decisão. O procurador do TSL indicou em comunicado que "toma nota" das absolvições, e examinará as conclusões dos juízes para "determinar se uma apelação pode ser justificada".

Dos três declarados inocentes, Hussein Oneissi, 46 anos, e Assad Sabra, 43, foram acusados de terem gravado um vídeo falso que reivindicava a autoria do crime em nome de um grupo inexistente.

Hassan Habib Merhi, 54 anos, foi acusado de cumplicidade no ataque e complô com o objetivo de realizar um ataque. Mustafa Badredin, o principal suspeito, considerado o "cérebro" do ataque pelos investigadores, morreu.

Este tribunal, com sede na Holanda, havia adiado o anúncio da decisão, inicialmente previsto para 7 de agosto, "em respeito às inúmeras vítimas" da explosão devastadora que ocorreu três dias antes no porto da capital libanesa e que deixou pelo menos 177 mortos e mais de 6.500 feridos.

Saad Hariri, filho de Rafic Hariri e também ex-primeiro-ministro do Líbano, compareceu à leitura da decisão em Leidschendam, perto de Haia. "O tribunal decidiu e, em nome da família do falecido primeiro-ministro Rafic Hariri, em nome das famílias dos mártires e das vítimas, aceitamos a decisão do tribunal", disse, ao deixar a sala.

Rafic Hariri, primeiro-ministro até outubro de 2004, foi assassinado em 2005, na explosão de uma van cheia de explosivos, quando viajava em um carro blindado, no cais de Beirute. Sua morte, pela qual quatro generais libaneses pró-sírios foram inicialmente acusados, gerou uma onda de protestos que forçou a retirada das tropas sírias, após mais de 30 anos de presença no Líbano.

Durante o processo, a promotoria não cansou de repetir que o assassinato de Rafic Hariri "teve finalidade política", já que o milionário sunita "era considerado uma grave ameaça pelos pró-sirios e apoiadores do Hezbollah".

O Hezbollah, aliado do regime sírio e do Irã, negou qualquer responsabilidade e se recusou a reconhecer o TSL.

Criado por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, os libaneses estão "profundamente divididos" quanto ao tribunal, de acordo com Karim Bitar, professor de relações internacionais em Paris e Beirute.

No ano passado, o TSL abriu um processo separado acusando um dos suspeitos, Salim Ayyash, de outros três ataques a políticos em 2004 e 2005.

Os Estados Unidos saudaram a condenação nesta terça-feira.

"A cindenação de (Salim) Ayyash ajuda a confirmar que o mundo está reconhecendo cada vez mais que (o Hezbollah) e seus membros não são defensores do Líbano como afirmam ser, mas constituem uma organização terrorista dedicada a promover a agenda sectária maligna", disse ", disse o secretário de Estado Mike Pompeo.

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