INTERNACIONAL

Migrantes hondurenhos desafiam coronavírus e iniciam travessia rumo aos EUA

Milhares de migrantes hondurenhos ingressaram nesta quinta-feira em caravana na Guatemala, desafiando a pandemia em uma travessia perigosa, com o objetivo de chegar aos Estados Unidos e escapar da pobreza e violência em seu país

AFP
01/10/2020 às 19:48.
Atualizado em 24/03/2022 às 13:31

Milhares de migrantes hondurenhos ingressaram nesta quinta-feira em caravana na Guatemala, desafiando a pandemia em uma travessia perigosa, com o objetivo de chegar aos Estados Unidos e escapar da pobreza e violência em seu país.

Cerca de 3 mil pessoas, segundo autoridades migratórias da Guatemala, entraram no país após ultrapassarem um primeiro cerco militar na fronteira. Os migrantes avançaram aos gritos de "Fora, JOH!", referindo-se ao presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, em meio a um grande tumulto.

Os migrantes entraram sem que equipes de saúde pudessem submetê-los ao teste de Covid-19. Eles deram início a seu êxodo em massa na madrugada desta quinta-feira, conforme relato de membros do grupo.

A caravana partiu uma semana após a Guatemala reabrir suas fronteiras, fechadas por seis meses devido à pandemia. Carregando seus poucos pertences em mochilas ou sacolas de plástico, boa parte dos migrantes não usava máscara de proteção.

- Pandemia e pobreza -

Mónica Toruño, 36, uniu-se à marcha com o filho de 6 anos, que sofre de paralisia infantil, e uma sobrinha de 19 anos. Ela disse estar deixando Honduras devido à violência e ao desemprego, agravado pela pandemia. "Nunca pensei em submeter meu filho a isto, mas fiquei sem trabalho devido ao coronavírus", contou a mulher, que sobrevivia lavando e passando roupa de clientes.

"Com o coronavírus, a economia vai piorar. Todo o dinheiro da pandemia foi roubado por Juan Orlando", afirmou o migrante Carlos Salgado, 21. "Não temos trabalho, não temos nada a fazer", criticou Ángel Eusebia na caravana.

Muitos migrantes citaram o desemprego, os serviços de saúde, a educação, a violência nas ruas e dentro de casa e o narcotráfico como motivos para deixarem o país. "As pessoas estão morrendo de fome, há muita violência e não há emprego, por isso arrisquei tudo para seguir em frente com meus dois filhos que estão vivos. O primeiro foi morto com 37 tiros em 2017", contou Willy Martínez, 37.

- Risco em meio a pandemia -

A secretária de Comunicação Social da presidência da Guatemala, Francis Masek, reconheceu que a situação econômica dos países do Triângulo Norte, formado por Guatemala, El Salvador e Honduras, tornou-se "mais crítica com os efeitos da pandemia", o que explica o novo fluxo migratório.

O Instituto de Migração da Guatemala estima que cerca de 3 mil pessoas tenham cruzado a fronteira sem fazer o teste de Covid-19, obrigatório para estrangeiros. O chefe de Migração, Guillermo Díaz, declarou que a incursão dos migrantes "é algo terrível, que complica a vida" do país, devido ao risco em meio à pandemia.

Díaz alertou que uma segunda coluna, formada por outros 3 mil hondurenhos, poderá chegar em breve ao país pela mesma fronteira. Autoridades estimam que os hondurenhos tentarão entrar no México pelo departamento de Petén, norte da Guatemala.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por