INTERNACIONAL

Milhões de africanos estão ameaçados por mosquito asiático transmissor da malária

Dezenas de milhões de habitantes de cidades africanas estão ameaçados por uma espécie de mosquito transmissor da malária nativa da Ásia e particularmente adaptada ao ambiente urbano, alertou um estudo publicado nesta segunda-feira (14)

AFP
14/09/2020 às 20:24.
Atualizado em 25/03/2022 às 02:02

Dezenas de milhões de habitantes de cidades africanas estão ameaçados por uma espécie de mosquito transmissor da malária nativa da Ásia e particularmente adaptada ao ambiente urbano, alertou um estudo publicado nesta segunda-feira (14).

A malária é uma doença que hoje se concentra no meio rural e é causada pelo parasita Plasmodium falciparum ou Plasmodium vivax, transmitido por cerca de 40 espécies de mosquitos. Aproximadamente 400 mil pessoas morreram de malária em 2018, a maioria crianças e na África.

No continente, um dos mosquitos mais ativos é o Anopheles gambiae, apelidado de animal mais perigoso da Terra, embora ele não goste das poças de água poluída das cidades e não tenha aprendido a colocar suas larvas em reservatórios urbanos de água potável.

No estudo publicado pela revista científica norte-americana PNAS, a médica e entomologista Marianne Sinka, pesquisadora da Universidade de Oxford, mapeia a expansão de outra espécie, o Anopheles stephensi.

Nativo da Ásia, ele aprendeu a aproveitar os depósitos de água das cidades, em especial os de cimento e tijolo, nas quais ele se esgueira por pequenos buracos para depositar suas larvas. "É a única espécie que conseguiu penetrar nas áreas urbanas centrais", disse a cientista à AFP.

O Anopheles stephensi causou um primeiro surto em 2012 em Djibouti, onde a malária mal existia, e desde então foi observado na Etiópia, Sudão e outros lugares.

Sinka usou um modelo para prever os locais na África onde o ambiente era mais apropriado para a introdução desse mosquito importado: locais com alta densidade populacional, onde faz calor e, claro, com chuva suficiente.

A pesquisa concluiu que 44 cidades são "altamente adaptadas" ao inseto e que 126 milhões de africanos estão em risco, principalmente na região equatorial. "40% das pessoas que vivem em áreas urbanas podem ficar de repente vulneráveis e contrair malária, seria muito grave", avisa a pesquisadora.

Ao contrário dos mosquitos africanos, que preferem picar humanos à noite, quando a temperatura cai, o stephensi prefere picar à tarde, então os mosquiteiros na cama seriam menos eficazes. Para se proteger, o melhor seria instalar mosquiteiros nas janelas, borrifar as paredes com inseticida e cobrir o corpo.

Mas o fundamental mesmo é combater as larvas, portanto, eliminar a água parada, bem como fechar hermeticamente qualquer reservatório de água. Foi o que funcionou na Índia, lembra Sinka.

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