INTERNACIONAL

Milhares de iraquianos vaiam os EUA um ano após morte de general do Irã

Milhares de iraquianos se reuniram em Bagdá para vaiar os Estados Unidos, na madrugada deste domingo (3), pelo ataque há um ano que levou à morte do general iraniano Qassem Soleimani e de seu homem de confiança iraquiano

AFP
03/01/2021 às 12:42.
Atualizado em 24/03/2022 às 01:12

Milhares de iraquianos se reuniram em Bagdá para vaiar os Estados Unidos, na madrugada deste domingo (3), pelo ataque há um ano que levou à morte do general iraniano Qassem Soleimani e de seu homem de confiança iraquiano.

À luz de velas, mulheres, homens e crianças, todos vestidos de preto, prestaram homenagem aos seus "mártires" no aeroporto internacional de Bagdá e vaiaram o "Grande Satã", aludindo aos Estados Unidos, como preâmbulo de uma manifestação antiamericana marcada para hoje, na Praça Tahrir, centro de Bagdá.

As potências que atuam no Iraque (Estados Unidos e Irã) estão abertamente em lados opostos, e as fortes tensões entre os dois países inimigos despertam o temor de um conflito em solo iraquiano.

Em 3 de janeiro de 2020 e por ordem do presidente Donald Trump, um ataque de drones pulverizou os dois veículos, onde estavam Qassem Soleimani, o artífice da estratégia iraniana no Oriente Médio, e Abu Mehdi al-Muhandis, o comandante do Hachd al-Chaabi, uma coalizão que reuniu dezenas de milhares de paramilitares pró-Irã no Iraque.

"Dizemos aos Estados Unidos e aos inimigos do Islã (...) que continuaremos resistindo, apesar do derramamento de sangue", declarou à AFP Batul Najjar, membro da Hachd al-Chaabi, coalizão agora integrada às forças de segurança iraquianas.

"Abu Mehdi al-Muhandis, sairemos aos milhões para brandir seu retrato em Tahrir", prometeu Ahmed Assadi, líder do bloco parlamentar Hachd.

Mais tarde neste domingo e diante da convocação da Hachd al-Chaabi, os iraquianos devem se reunir na Praça Tahrir para denunciar o "ocupante americano".

Desde sábado, no alto do "restaurante turco", um enorme edifício abandonado, há um cartaz gigante com a imagem de Abu Mehdi al-Muhandis nesta emblemática praça. Pendurado pela Hachd al-Chaabi, este pôster é um símbolo.

Durante meses em 2019, aos milhares, os iraquianos vaiaram, do "restaurante turco" e da Tahrir, a potência iraquiana e seu "padrinho" iraniano.

Em algumas manifestações da chamada "Revolução de Outubro", até os retratos de Soleimani foram pisoteados.

Nesse contexto de alta tensão, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, tuitou que, no Iraque, "agentes provocadores israelenses estão planejando ataques contra americanos" para colocar "Trump em uma situação difícil com um "casus belli" fabricado".

Teerã também acusou Trump de tentar fabricar "um pretexto" para lançar "uma guerra" antes de sua partida, após um mandato de "pressão máxima" contra Teerã.

"Cuidado com a armadilha", disse Zarif, acrescentando que "os fogos de artifício terão uma reação violenta, especialmente contra seu melhor amigo" - em uma referência a Israel.

Desde 3 de janeiro de 2020, a resposta de Trump tem sido a mesma. Referindo-se a "especulações sobre novos ataques contra americanos no Iraque", adverte: "Se um americano morrer, responsabilizarei o Irã".

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