Milhares de refugiados aguardavam nesta quinta-feira (10) nas estradas da ilha de Lesbos, à espera da ajuda de emergência, após o acampamento de Moria, o maior e mais insalubre da Grécia, ter sido devastado pelas chamas
Milhares de refugiados aguardavam nesta quinta-feira (10) nas estradas da ilha de Lesbos, à espera da ajuda de emergência, após o acampamento de Moria, o maior e mais insalubre da Grécia, ter sido devastado pelas chamas.
Uma balsa chegou à ilha, onde foi declarado "estado de emergência", para abrigar os migrantes, e dois navios da Marinha grega seguiam até a localidade para aumentar a capacidade de acolhida.
Lesbos, ilha do Mar Egeu com 85.000 habitantes, é a principal porta de entrada para os migrantes na Grécia por sua proximidade da Turquia.
O campo abrigava 12.700 demandantes de asilo, número quatro vezes acima de sua capacidade. Entre os migrantes, estão 4.000 menores de idade.
Várias famílias passaram a segunda noite consecutiva nas ruas, sem produtos de primeira necessidade.
Muitos migrantes saíram desesperados do acampamento, em fuga das chamas deflagradas na madrugada de terça para quarta-feira, e agora estão sentados à beira das estradas que vão do campo de Moira até o porto de Mitilene, formando longas filas de espera.
Alguns deles seguiram para os olivais próximos. Outros caminhavam até as localidades vizinhas em busca de água.
"Perdemos tudo", lamenta a síria Fatma Al-Hani, na estrada que vai de Moria ao pequeno porto de Panagiouda.
"Estamos abandonados à nossa própria sorte, sem comida, água, sem medicamentos", afirma, com o filho de dois anos no colo.
"O que vamos fazer agora? Para onde vamos?", perguntou Mahmut, do Afeganistão. A seu lado, a compatriota Aisha procurava os filhos: "Dois estão ali, mas não sei onde estão os outros".
Cornille Ndama, uma congolesa, também fugiu de Moria durante a noite. "Perdemos tudo. Não tenho nada, nada aqui, e não sabemos onde vamos dormir".
Um novo incêndio foi registrado na quarta à noite em uma parte do campo de migrantes que não havia sido atingida pelas chamas de terça-feira.
"Não temos informações sobre vítimas, feridos, ou desaparecidos", afirmou o ministro da Migração da Grécia, que elogiou a "rápida intervenção" dos bombeiros e da polícia.
Ao menos 3.500 migrantes ficaram desabrigados, admitiu o ministro.
Os habitantes da região e as autoridades não querem a instalação provisória de barracas fora do campo.