INTERNACIONAL

Milhares de pessoas protestam contra a França em Bangladesh

Dezenas de milhares de pessoas participaram, nesta terça-feira (27), de uma mobilização na capital de Bangladesh para pedir o boicote de produtos franceses e queimaram cartazes com o rosto do presidente Emmanuel Macron, depois que ele defendeu a publicação de charges do profeta Maomé

AFP
27/10/2020 às 10:05.
Atualizado em 24/03/2022 às 09:12

Dezenas de milhares de pessoas participaram, nesta terça-feira (27), de uma mobilização na capital de Bangladesh para pedir o boicote de produtos franceses e queimaram cartazes com o rosto do presidente Emmanuel Macron, depois que ele defendeu a publicação de charges do profeta Maomé.

A defesa veemente do presidente francês ao direito de divulgação das ilustrações após a morte de um professor, decapitado em um atentado islamita em 16 de outubro por ter mostrado as imagens a seus alunos durante uma aula, provocou uma onda de protestos no mundo muçulmano.

Na Síria, as pessoas queimaram imagens de Macron e, na capital da Líbia, bandeiras francesas foram incendiadas. Os supermercados do Catar, do Kuwait e de outros países do Golfo retiraram os produtos franceses.

Em Dacca, a capital de Bangladesh, a polícia calculou que mais de 40.000 pessoas participaram da passeata organizada pelo Islami Andolan Bangladesh (IAB), um dos principais partidos islamitas do país. O protesto foi contido antes de a multidão se aproximar da embaixada francesa em Dacca.

Centenas de policiais estabeleceram barreiras com arame farpado para bloquear os manifestantes, que se dispersaram sem incidentes.

A marcha começou diante da Baitul Mukarram, a principal mesquita de Bangladesh, país que tem população majoritariamente muçulmana.

Os manifestantes gritavam "boicote aos produtos franceses" para "castigar" Macron.

"Macron é um dos poucos dirigentes que adoram Satã", declarou um dos líderes do IAB, Ataur Rahman, à multidão reunida na mesquita Baitul Mukarram.

Rahman pediu ao governo de Bangladesh para "expulsar" o embaixador francês. Outro líder islamita, Hasan Khamal, declarou que os manifestantes iriam "destruir todos os tijolos do prédio" da embaixada, se o diplomata não fosse expulso.

"A França é inimiga dos muçulmanos. Os que a representam também são nossos inimigos", disse Nesar Uddin, um jovem líder da organização.

Os manifestantes afirmaram que "Macron pagará um preço alto".

Em 16 de outubro, um islamita decapitou na região de Paris o professor Samuel Paty, que poucos dias antes havia mostrado a seus alunos as charges do profeta Maomé, os mesmos desenhos publicados pela revista satírica Charlie Hebdo e que desencadearam o assassinato de 12 pessoas em 2015.

O atentado contra o professor comoveu a França, que desde 2015 sofreu uma série de ataques extremistas que deixaram mais de 250 mortos.

Na homenagem nacional a Paty, Macron prometeu que a França não renunciaria às charges, nem à liberdade de expressão.

O mundo muçulmano não gostou das declarações de Macron e isto provocou um movimento de protestos, liderado pela Turquia.

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