INTERNACIONAL

Milhares de sudaneses protestam exigindo 'justiça'

Frustrados diante da ausência de mudança na sua vida diária, milhares de manifestantes pediram "justiça" enquanto desfilavam neste sábado (19) em várias cidades do Sudão para comemorar o segundo aniversário da revolta contra o ditador Omar Al-Bashir

AFP
19/12/2020 às 13:41.
Atualizado em 23/03/2022 às 23:50

Frustrados diante da ausência de mudança na sua vida diária, milhares de manifestantes pediram "justiça" enquanto desfilavam neste sábado (19) em várias cidades do Sudão para comemorar o segundo aniversário da revolta contra o ditador Omar Al-Bashir.

Após queimar pneus em um bairro do sul da capital, grupos de manifestantes se dirigiram até o palácio presidencial gritando "Justiça, Justiça" e "Taskout Bass" ("A queda, ponto final"), enquanto outros erguiam a bandeira sudanesa ou fotos de "mártires" que morreram nos protestos de 2019.

"O povo quer a queda do regime" foi outro lema presente na manifestação, o mesmo que levou milhares de pessoas às ruas durante a Primavera Árabe, que aconteceu há 10 anos.

Os dados de correspondentes locais da AFP corroboram que a mobilização foi de milhares de pessoas em todo o país.

O início da crise que balançou o regime e acabou com três décadas de poder tirânico de Bashar foi em 19 de dezembro de 2018.

A decisão do governo de triplicar o preço do pão levou centenas de pessoas às ruas.

O movimento se transformou rapidamente em uma revolta, que em 11 de abril de 2019 resultou na queda de Omar Al-Bashir.

O país, atualmente, é comandado por um governo (provisório) de transição, com um primeiro-ministro civil e um Conselho Soberano civil e militar.

Perto do aeroporto, os manifestantes mostraram em seu desfile um cartaz com o rosto do primeiro-ministro, Abdallah Hamdok, desenhado com uma cruz e a palavra "Erhal", (Saia!).

"Temos saído às ruas porque o governo de transição não satisfaz nossas demandas, nem no campo econômico e nem em matéria de justiça", afirmou Hani Hassan à AFP, um manifestante de 23 anos.

Apesar da recente retirada do país da lista norte-americana de países que apoiam o terrorismo, o Sudão vive uma enorme crise socioeconômica, com uma grande inflação e uma dívida equivalente a 201% do Produto Interno Bruno (PIB).

Outro motivo de insatisfação dos manifestantes é que os responsáveis pela repressão durante a revolução não foram levados a justiça.

O procurador-geral proibiu as forças de segurança de utilizar gás lacrimogêneo nas manifestações.

Depois de desfilar pela cidade, os manifestantes ficaram a 10 metros do palácio presidencial, gritando "Liberdade, Liberdade" e pedindo o retorno dos exilados aos seus lares. Não foram registrados incidentes com a polícia.

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