INTERNACIONAL

Militares aumentam repressão em Mianmar e ONU pede sua saída do poder

A mobilização contra o golpe de Estado não diminui em Mianmar e nesta sexta-feira (12) uma multidão voltou às ruas, apesar do aumento das detenções de opositores por parte da junta militar, a quem o Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu que deixe o poder

AFP
12/02/2021 às 17:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 17:50

A mobilização contra o golpe de Estado não diminui em Mianmar e nesta sexta-feira (12) uma multidão voltou às ruas, apesar do aumento das detenções de opositores por parte da junta militar, a quem o Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu que deixe o poder.

Uma sessão extraordinária dos 47 Estados membros do Conselho, solicitada pela União Europeia (UE) e do Reino Unido, resultou num apelo, sem votação, aos militares para que libertassem imediatamente a líder deposta Aung San Suu Kyi, e para que o governo eleito seja restaurado.

"O mundo inteiro está assistindo" à repressão em Mianmar, alertou Nada Al Nashif, vice-alta comissária de Michelle Bachelet.

Mais de 350 pessoas - políticos, militantes, membros da sociedade civil, monges e jornalista - estão atualmente detidas, denunciou a ONU durante a reunião do Conselho dos Direitos Humanos em Genebra.

Em Yangon, médicos, estudantes e trabalhadores do setor privado protestaram em uma das grandes avenidas da capital econômica do país.

Muitos estavam vestidos com a cor vermelha da Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi, e outros carregavam retratos da ex-líder de 75 anos, presa há 12 dias.

"Não voltaremos ao trabalho até que o governo civil de "Mãe Suu" seja restabelecido. Pouco importam as ameaças", afirmou à AFP Wai Yan Phyo, um médico de 24 anos, antes que a multidão se dispersasse no fim da tarde.

Nesta sexta-feira, as forças de segurança usaram balas de borracha para dispersar brutalmente um protesto no sul do país.

Na terça-feira, a polícia abriu fogo contra os manifestantes e deixou vários feridos. Uma mulher, atingida por um tiro na cabeça, está em condição crítica.

Apesar da repressão, milhares de pessoas voltaram às ruas para exigir a libertação dos detidos, o fim da ditadura e a abolição da Constituição de 2008, muito favorável ao exército.

Dezenas de milhares de birmaneses participaram nos protestos na última semana, uma mobilização inédita desde a "Revolução do Açafrão" de 2007.

Policiais, controladores aéreos, professores, profissionais da saúde e muitos funcionários públicos estão em greve.

O comandante da junta militar, Min Aung Hlaing, fez uma advertência contra os funcionários em greve. Ele anunciou "ações eficazes pelo não cumprimento de suas obrigações (...) incitados por pessoas sem escrúpulos".

De modo paralelo, 23.314 prisioneiros, incluindo 55 estrangeiros, serão libertados e outros devem ter a pena reduzida, informou o jornal estatal Global New Light Of Myanmar. Os detalhes da medida não foram divulgados.

As grandes anistias de prisioneiros para liberar espaço em estabelecimentos superlotados são frequentes e anunciadas em datas importantes do calendário birmanês. Esta sexta-feira é feriado no país.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por