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Mistério sobre raros efeitos colateriais da vacina AstraZeneca começa a ser esclarecido

Como explicar os graves - e incomuns - problemas sanguíneos observados em algumas pessoas vacinadas contra a covid-19 com AstraZeneca? O mistério começa a se dissipar após reunião da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) nesta quarta-feira(7)

AFP
07/04/2021 às 17:22.
Atualizado em 22/03/2022 às 01:04

Como explicar os graves - e incomuns - problemas sanguíneos observados em algumas pessoas vacinadas contra a covid-19 com AstraZeneca? O mistério começa a se dissipar após reunião da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) nesta quarta-feira(7).

A EMA reconheceu pela primeira vez que a vacina pode causar raros problemas sanguíneos em algumas pessoas. Até agora, não havia se estabelecido um vínculo causal.

Esse "possível vínculo" justifica, em sua opinião, que o risco seja mencionado na bula do medicamento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi mais cautelosa, estimando que o vínculo era "plausível", mas não confirmado.

Os problemas observados não são trombos comuns (formação de coágulos sanguíneos), como relatado inicialmente, mas um fenômeno "muito atípico", segundo a Agência Francesa de Medicamentos (ANSM).

Trata-se de "trombose de grandes veias, atípica pela localização (principalmente cerebral, mas também digestiva), que pode estar associada a trombocitopenia [deficiência de plaquetas] ou problemas de coagulação", como sangramento, segundo o ANSM. Essas tromboses ocorreram "nas duas semanas após a vacinação", explicou a EMA.

Em meados de março, o Instituto Médico Paul-Ehrlich (PEI), que assessora o governo alemão, relatou um "acúmulo surpreendente de uma forma específica muito incomum de trombose venosa cerebral, associada a uma deficiência de plaquetas sanguíneas".

Segundo especialistas, esse quadro tão específico nos leva a pensar em um fenômeno denominado coagulação intravascular disseminada (DICC).

Essa é a questão principal. De acordo com dados da EMA de 4 de abril, 222 casos de trombose atípica foram detectados após 34 milhões de injeções feitas com AstraZeneca nos 30 países do Espaço Econômico Europeu (UE, Islândia, Noruega, Liechtenstein).

Na Alemanha, foram notificados 31 casos suspeitos de trombose venosa cerebral (19 dos quais acompanhados por diminuição das plaquetas sanguíneas), com 9 mortes, de acordo com o Instituto Paul-Ehrlich.

Isso representa 1 caso para cada 100.000 doses da vacina AstraZeneca administradas (2,8 milhões). Também foram registrados casos na França (12 casos, incluindo 4 mortes, para 1,9 milhão de injeções, segundo a ANSM); na Noruega (5 casos, incluindo 3 mortes, por 120.000 injeções) e na Holanda.

O Reino Unido, que utilizou esse imunizante em grande parte em sua campanha de vacinação, o saldo até esta quarta-feira é de 79 casos, dos quais 19 terminaram em óbito, de um total de 20 milhões de doses administradas.

Mas, como acontece com todos os medicamentos, a chave é pesar os riscos e benefícios.

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