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Morcego, pangolim, aves... Os animais que nos transmitem vírus

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera "provável" que um animal tenha servido como intermediário na transmissão do SARS-CoV-2, o que confirma seu papel como reservatórios de vírus capazes de infectar os seres humanos

AFP
29/03/2021 às 10:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 04:13

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera "provável" que um animal tenha servido como intermediário na transmissão do SARS-CoV-2, o que confirma seu papel como reservatórios de vírus capazes de infectar os seres humanos.

Quais espécies transmitem vírus? De onde virão as próximas pandemias?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), 60% das doenças infecciosas humanas são zoonóticas, ou seja, são encontradas primeiro em outro animal.

Esse percentual chega a até 75% para novas doenças infecciosas, segundo estudo britânico publicado em 2001 e considerado referência no assunto.

Entre os patógenos responsáveis por essas doenças, um em cada seis seria um vírus; um terço, uma bactéria; e outro, um terceiro parasita. 10% são fungos microscópicos, indica este estudo.

Os morcegos desempenham um papel reservatório para um grande número de vírus que afetam os humanos. Eles os abrigam sem adoecerem.

Alguns são conhecidos há muito tempo, como o vírus da raiva, mas muitos surgiram nos últimos anos, como o ebola, o coronavírus SARS, o SARS-CoV-2 e o vírus Nipah, que apareceu na Ásia em 1998.

Os morcegos "sempre foram bons reservatórios para muitos vírus, mas antes tínhamos muito pouco contato" com essas espécies, disse à AFP Eric Fèvre, professor de doenças infecciosas veterinárias da Universidade de Liverpool (Reino Unido) e no International Livestock Research Institute (Quênia).

A redução das florestas tropicais com o avanço das cidades e áreas cultivadas, combinada com os efeitos das mudanças climáticas, aproximam esses animais das áreas habitadas e os leva a "interagirem cada vez mais com as populações humanas", afirma.

Outra família de mamíferos, os mustelídeos (texugos, furões, visons, doninhas...), é frequentemente identificada como responsável por zoonoses virais, em particular aquelas causadas por coronavírus.

A civeta foi identificada como o hospedeiro intermediário da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que deixou 774 mortes em todo mundo em 2002-2003. Embora o coronavírus da SARS tenha sido encontrado em algumas civetas, não está confirmado, porém, que este pequeno carnívoro próximo ao mangusto foi quem transmitiu o vírus aos humanos.

A contaminação com SARS-CoV-2 de criações de visons demonstrou que esta espécie pode ser infectada por portadores humanos. Mas o caso inverso não foi comprovado.

No início da epidemia de covid-19, este animal ameaçado de extinção foi apontado por investigadores chineses como o "possível hospedeiro intermediário", tendo em conta a similaridade das sequências genéticas do SARS-CoV-2 e de um coronavírus que infecta o pangolim.

Embora esse mamífero seja o hospedeiro natural de muitos vírus, seu papel na transmissão do SARS-CoV-2 não foi estabelecido.

O estudo publicado nesta segunda-feira por especialistas da OMS e da China também não esclarece esse ponto.

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