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Morre George Shultz, braço direito de Reagan que ajudou a acabar com a Guerra Fria

George Shultz, secretário de Estado do presidente Ronald Reagan e grande arquiteto da diplomacia americana no final da Guerra Fria, faleceu no sábado aos 100 anos, anunciou neste domingo (7) o Hoover Institute

AFP
08/02/2021 às 11:44.
Atualizado em 23/03/2022 às 20:34

George Shultz, secretário de Estado do presidente Ronald Reagan e grande arquiteto da diplomacia americana no final da Guerra Fria, faleceu no sábado aos 100 anos, anunciou neste domingo (7) o Hoover Institute.

Professor de Economia, que via a si mesmo mais como um especialista de dados do que como um ideólogo, Shultz contou com a rara distinção de ocupar quatro cargos diferentes no gabinete.

"Um dos mais importantes estrategistas políticos de todos os tempos, que serviu a três presidentes americanos, George P. Shultz faleceu em 6 de fevereiro aos 100 anos", informou a instituição vinculada à Universidade de Stanford em um comunicado publicado em seu site.

Na Casa Branca presidida por Ronald Reagan, famosa por suas disputas internas, Shultz era uma das personalidades menos controversas. Ele cultivou vínculos cordiais com o Congresso e a imprensa e, de forma mais crucial, contou com o sólido apoio do próprio presidente, que o manteve como chefe da diplomacia por seis anos e meio.

No começo de 1983, apenas meio ano depois de chegar ao posto, Shultz voltou da China e foi convidado por Nancy Reagan a um jantar informal na Casa Branca, onde lhe pareceu que o famoso presidente anticomunista se mostrava ansioso para se encontrar com os soviéticos.

"Nunca tinha tido uma sessão extensa com um líder importante de um país comunista e pude sentir que desfrutaria de uma oportunidade assim", escreveu Shultz em suas memórias, intituladas "Turmoil and Triumph".

Dias depois, levou o embaixador soviético à Casa Branca em um carro sem identificação para um encontro secreto com Reagan, que pressionou Moscou para que permitisse a emigração de cristãos pentecostais que tinham pedido refúgio na embaixada dos Estados Unidos.

Os soviéticos atenderam discretamente. O inesperado papel de Reagan como negociador como a superpotência que ele mesmo tinha qualificado de "império do mal" havia começado.

Em 1985, Mikhail Gorbachov assumiu as rédeas do Partido Comunista e Shultz, unindo-se ao vice-presidente George H.W. Bush, voou para Moscou e uniu a ele no funeral do seu antecessor, Konstantin Chernenko.

Shultz detectou imediatamente chances com Gorbachov.

"É totalmente diferente de qualquer líder soviético que conheci", descreveu Shultz a jornalistas.

A aproximação de Shultz com Gorbachov enfrentou o profundo ceticismo do secretário da Defesa, Caspar Weinberger, e do chefe da CIA, Bill Casey, mas Reagan passou por cima.

Em 1987, Reagan e Gorbachov assinaram o histórico Tratado de forças nucleares de categoria intermediária. A União Soviética começou logo a se desmantelar depois que Gorbachov iniciou as reforças liberais e a dissidência cresceu.

Shultz reduziria depois importância ao papel de Gorbachov, destacando as fragilidades subjacentes do sistema soviético e ressaltando os gastos maciços na defesa, realizados pelos líderes americanos.

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