INTERNACIONAL

Movimento pró-democracia desafia Junta birmanesa com protestos noturnos

Manifestantes pró-democracia, incluindo muitos médicos em jalecos brancos, se mobilizaram entre a noite de sábado (20) e a madrugada deste domingo (21) em Mianmar, em desafio à repressão sangrenta da Junta militar - que já deixou 250 mortos desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro

AFP
25/03/2021 às 20:11.
Atualizado em 22/03/2022 às 04:54

Manifestantes pró-democracia, incluindo muitos médicos em jalecos brancos, se mobilizaram entre a noite de sábado (20) e a madrugada deste domingo (21) em Mianmar, em desafio à repressão sangrenta da Junta militar - que já deixou 250 mortos desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro.

"Salvemos nossa líder!" Aung Sang Suu Kyi, detida em um local secreto pelo Exército há 49 dias; "Salvemos o nosso futuro!", diziam os cartazes dos manifestantes, reunidos esta madrugada em Mandalay (centro).

Outras manifestações noturnas ocorreram em outras partes do país, com militantes pró-democracia carregando velas acesas.

Médicos, professores, funcionários de bancos ou ferrovias estão em greve há seis semanas, paralisando parte da frágil economia do país.

"Nossos médicos são tão corajosos", comentavam os manifestantes nas redes sociais. "Não temos medo do sangue" que o Exército derrama, acrescentaram.

Cerca de 250 civis morreram desde 1º de fevereiro, segundo a Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP).

O saldo pode ser mais sério, já que centenas de pessoas desapareceram nas últimas semanas.

Neste domingo, um homem morreu e outros dois ficaram feridos em Monywa (centro), atingidos pelas forças de segurança que abriram fogo contra um pequeno grupo perto de uma barricada, informaram testemunhas à AFP.

Dois dos cinco milhões de habitantes de Yangon, a capital econômica, estão sob lei marcial e a situação é muito tensa.

Alguns bairros mergulharam no caos, com manifestantes disparando coquetéis molotov contra o Exército e a polícia, que fazem uso de munição letal.

Os tiroteios voltaram a se intensificar no sábado, com pelo menos dois mortos e três feridos em Yangon, de acordo com a AAPP, que relatou mais duas mortes a cerca de 80 quilômetros de distância, em Bago.

Para evitar a violência, muitos moradores de Yangon fugiam neste domingo da cidade, a maior de Mianmar, para retornar às suas regiões de origem a bordo de veículos, bicicletas ou mototáxis.

A rodoviária estava cheia de pacotes e malas de todos os tipos. "Não posso continuar vivendo com esse medo, estou voltando para a minha região", disse uma jovem entrevistada por uma mídia local.

Alguns birmaneses também tentam deixar o país. A Tailândia espera um influxo de refugiados, enquanto a Índia já recebeu centenas.

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