INTERNACIONAL

MP da Bolívia ordena prisão da ex-presidente Áñez e opositores denunciam 'perseguição'

O Ministério Público boliviano emitiu nesta sexta-feira (12) um mandado de prisão contra a ex-presidente Jeanine Áñez e vários de seus ministros por sedição e terrorismo, enquanto a oposição denuncia uma perseguição política do governo de esquerda no poder

AFP
12/03/2021 às 20:44.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:13

O Ministério Público boliviano emitiu nesta sexta-feira (12) um mandado de prisão contra a ex-presidente Jeanine Áñez e vários de seus ministros por sedição e terrorismo, enquanto a oposição denuncia uma perseguição política do governo de esquerda no poder.

O MP ainda não se pronunciou oficialmente sobre a medida, mas a televisão local transmitiu imagens da detenção de dois ministros de Áñez: Alvaro Coimbra, do Ministério da Justiça, e Rodrigo Guzmán, do Ministério de Energia.

Áñez postou no Twitter a resolução emitida pelo promotor Alcides Mejillones junto com o texto "a perseguição política já começou".

A ex-legisladora do partido governista, Lidia Patty, denunciou em dezembro passado que o líder civil da região de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, Áñez, vários de seus ex-ministros, ex-militares, ex-policiais e civis haviam promovido a derrubada do esquerdista Morales em novembro de 2019, após 14 anos no poder.

A ex-deputada do MAS apresentou queixa pelos supostos crimes de sedição, terrorismo e conspiração.

Camacho ainda não tem mandado de prisão e após os incidentes do dia enviou uma carta ao presidente da Bolívia, o esquerdista Luis Arce, para dizer-lhe que o discurso oficial de que houve "um golpe de Estado" é "uma mentira" e o acusou de praticar "perseguição política".

Camacho afirmou na carta que "os bolivianos não ficarão de braços cruzados diante dos abusos" e garantiu que não deixará o país. O influente político venceu a eleição do último fim de semana para governador da rica região de Santa Cruz (leste) com mais de 55% dos votos.

Áñez - que substituiu Evo Morales constitucionalmente após sua renúncia em novembro de 2019 em meio a protestos após eleições classificadas como fraudulentas- afirmou no Twitter que "o MAS decidiu voltar aos estilos da ditadura. Uma pena, porque a Bolívia não precisa de ditadores, precisa de liberdade e soluções".

A ordem também se estende aos ex-ministros Arturo Murillo (Governo), Luis Fernando López (Defesa), Yerko Núñez (Presidência), Álvaro Coímbra (Justiça) e Rodrígo Guzmán (Energia).

Estes dois últimos foram os primeiros a ser detidos nesta sexta-feira na cidade amazônica de Trinidad, capital do departamento de Beni (nordeste), localizada 600 km ao nordeste de La Paz, onde também reside Áñez.

"Dissemos que sempre vamos nos colocar à disposição da lei", afirmou o próprio Coimbra quando foi preso e colocado na viatura policial, em declarações à Bolivia TV.

O paradeiro de Áñez é desconhecido, ainda que imagens mostradas na televisão mostrassem um enorme dispositivo policial nos arredores de sua residência em Trinidad.

Os ex-ministros do Interior e da Defesa deixaram a Bolívia em novembro passado e, segundo a Interpol-Bolívia, estão nos Estados Unidos.

O MP também emitiu mandados de prisão contra os ex-comandantes das Forças Armadas, William Kalimán, e seu sucessor, Sergio Orellana, e da Polícia, Yuri Calderón.

Os ex-presidentes da Bolívia, o centrista Carlos Mesa (2003-2005) e o direitista Jorge Quiroga (2001-2002), criticaram separadamente as prisões e os mandados de prisão. Ambos foram atores-chave na transição do governo Morales para Áñez em 2019.

"Estamos em um processo de perseguição política pior do que nas ditaduras, executado contra aqueles que defendiam a democracia e a liberdade em 2019", disse Mesa no Twitter.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por