INTERNACIONAL

Muitas dúvidas e muito risco na captura de Bin Laden, diz ex-chefe da CIA

Na véspera do nono aniversário dos ataques de 11 de setembro, a CIA informou ao presidente Barack Obama que tinha a melhor pista em anos para encontrar o mentor dos atentados, o líder da Al-Qaeda Osama bin Laden

AFP
01/05/2021 às 01:55.
Atualizado em 21/03/2022 às 23:56

Na véspera do nono aniversário dos ataques de 11 de setembro, a CIA informou ao presidente Barack Obama que tinha a melhor pista em anos para encontrar o mentor dos atentados, o líder da Al-Qaeda Osama bin Laden.

Os americanos haviam rastreado um mensageiro do alto escalão da Al-Qaeda até uma casa em Abbottabad, no Paquistão, e acreditavam que ele poderia levá-los a Bin Laden, que, de fato, estava morando ali.

O ex-diretor da CIA John Brennan, então o principal conselheiro de contraterrorismo de Obama, contou à AFP sobre o que ele chamou de "operação mais intensa, secreta e bem planejada" de sua carreira: a incursão de alto risco das Forças Especiais em 1º de maio de 2011 que matou Bin Laden.

A CIA avisou que suas informações precisavam ser corroboradas, mas no briefing havia entusiasmo com a possibilidade de finalmente capturar o fugitivo mais procurado dos EUA.

"Queríamos encontrar o homem e dar às vítimas do 11 de setembro a justiça que elas mereciam", disse Brennan.

Nos meses seguintes, os observadores da CIA estavam cada vez mais convencidos de que uma figura alta e de barba observada passeando pelo complexo era Bin Laden, embora não tivessem uma visão clara de seu rosto.

No final de dezembro, Obama estava pronto para agir. Em meio a um sigilo intenso, os funcionários da Casa Branca começaram a planejar uma operação ao redor de uma maquete.

Uma opção - um ataque com míssil de precisão - poderia deixá-los sem provas de que haviam matado Bin Laden.

A segunda opção, um ataque com helicóptero em uma noite sem lua, trazia enormes riscos.

Soldados americanos poderiam ser mortos em um tiroteio ou apanhados num confronto com as forças paquistanesas - que não foram avisadas sobre a missão - e que poderiam aparecer para defender seu território.

À medida que os preparativos avançavam no início de 2011, um especialista da CIA tinha 70% de certeza de que era Bin Laden, enquanto uma análise separada da "equipe vermelha" estimava a probabilidade em apenas 40%.

Mas ainda não havia uma identificação positiva.

"Não tínhamos tanta informação quanto gostaríamos, certamente", disse Brennan.

No entanto, "não havia nada para contradizer a visão de que era Bin Laden".

Na quinta-feira, 28 de abril de 2011, Obama se reuniu com altos funcionários na Sala de Crise subterrânea da Casa Branca.

"Obama queria ouvir a opinião de todos", lembrou Brennan. Entre os que se opuseram ao ataque estavam o secretário de Defesa, Robert Gates, e o então vice-presidente Joe Biden, mas a maioria era a favor. Ele reconhece que foi uma "decisão acirrada".

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