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Na Ásia, Ramadã vai contra recomendações para conter pandemia

Lar de metade dos muçulmanos do mundo, a Ásia espera ansiosa pelo Ramadã, que este ano acontece em meio à pandemia de coronavírus

AFP
22/04/2020 às 08:30.
Atualizado em 31/03/2022 às 03:04

Lar de metade dos muçulmanos do mundo, a Ásia espera ansiosa pelo Ramadã, que este ano acontece em meio à pandemia de coronavírus. As autoridades tentam limitar as reuniões para impedir a propagação da COVID-19, mas os imãs exortam os fiéis a irem às mesquitas.

Os imãs de Bangladesh pedem aos fiéis que se reúnam nas mesquitas. Os líderes religiosos paquistaneses convenceram as autoridades a não fecharem os locais de culto durante o mês sagrado muçulmano. Noite após noite, amigos e familiares celebram juntos o "iftar", a quebra do jejum.

As autoridades tentaram limitar os efeitos sanitários do Ramadã, um dos pilares do Islã que começa na quinta-feira. Mas dignitários religiosos rejeitaram as recomendações.

Em Bangladesh, o governo pediu uma redução no número de pessoas nas mesquitas. Uma sugestão que irritou um dos principais grupos de imãs do país.

"A cota de fiéis imposta pelo governo não é aceitável. O Islã não apoia a imposição de nenhuma cota de fiéis", disse Mojibur Rahman Hamidi, membro do grupo extremista Hefazat al-Islam, que representa esses imãs.

Orar na mesquita é "obrigatório" para muçulmanos saudáveis, acrescentou.

Na sexta-feira, dezenas de milhares se reuniram por ocasião da morte de um pregador, desrespeitando o confinamento.

No Paquistão, a fé prevaleceu desde o início da pandemia sobre todas as outras considerações. As autoridades tentaram limitar o comparecimento às mesquitas, ou fechar algumas delas, mas os fiéis rezaram nas ruas adjacentes, lado a lado, desafiando as regras do distanciamento social.

Antes do Ramadã, as autoridades já cederam à pressão religiosa, permitindo orações diárias e congregações noturnas nas mesquitas, depois de promessas de que seriam limpas regularmente.

O número de infecções e mortes diárias por coronavírus aumenta no país, que nas próximas horas excederá 10.000 doentes e 200 mortos.

"Vou tomar todas as medidas preventivas, lavar as mãos e usar uma máscara, mas isso não significa que vou parar de assistir às orações, especialmente durante o Ramadã", disse à AFP Zubair Khan, motorista de táxi de Peshawar (noroeste).

Os riscos de espalhar a doença através de reuniões religiosas são um fato. Em março, grandes congregações de missionários muçulmanos resultaram em centenas de contágios na Malásia, Índia, Paquistão e em outros lugares.

Atualmente, a mortalidade por COVID-19 é muito menor nos jovens países asiáticos do que na Europa e nos Estados Unidos, mas está aumentando acentuadamente.

O novo coronavírus causou o fechamento de escolas e comércios em toda Ásia, mas a maioria das mesquitas permanece aberta.

A Malásia debateu se permitiria os bazares do Ramadã, onde os muçulmanos compram os doces que consomem após o iftar.

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