INTERNACIONAL

Na Flórida, família de luto pelo vírus não sabe como pagar o hospital

Durante 11 anos e até a explosão da crise do coronavírus, Germán Amaya trabalhou no luxuoso hotel Fontainebleau de Miami

AFP
20/08/2020 às 10:03.
Atualizado em 25/03/2022 às 16:03

Durante 11 anos e até a explosão da crise do coronavírus, Germán Amaya trabalhou no luxuoso hotel Fontainebleau de Miami. Mas a pandemia provocou a perda do emprego e, portanto, do plano de saúde e, finalmente, da vida.

Amaya faleceu em um hospital da Flórida, sudeste dos Estados Unidos, depois de várias semanas de batalha contra a COVID-19, a doença provocada pelo novo coronavírus.

O salvadorenho de 55 anos deixou uma família devastada, que chora por sua morte ao mesmo tempo que enfrenta uma conta de hospital impossível de pagar.

A esposa de Amaya, Glenda, o levou ao hospital em 15 de julho. Ele não tinha nenhuma comorbidade, mas sentia falta de ar e não tinha seguro médico.

Esta foi a última vez que Glenda viu o marido.

"Chorei, supliquei que, por favor, me deixassem entrar, que precisava vê-lo, que eu era sua esposa, precisava estar a seu lado naquele momento", conta a mulher de 46 anos, também salvadorenha.

Ela foi a primeira a testar positivo, em junho. As autoridades começaram a abrir a economia um mês antes e ela foi infectada três semanas depois de reabrir seu pequeno salão de beleza.

"E sem perceber infectei todos em casa", recorda em sua casa em Miami Gardens.

A avó e a filha, Azareth, de 11 anos, tiveram sintomas leves. A mãe e o filho mais velho, também chamado German, de 16, sofreram febres intensas.

E Germán Amaya faleceu em 7 de agosto, após uma hospitalização de 24 dias, nove deles em coma.

"Foi tudo muito rápido", recorda Glenda.

Quando toda a família estava doente, Miami era um ponto crítico da pandemia. Hoje, a Flórida se aproxima de 10.000 mortes. Apenas outros quatro estados americanos atingiram este número: Nova York, Nova Jersey, Califórnia e Texas.

A família agora sofre com um dos temas mais polêmicos no país: a maneira como funciona o atendimento de saúde.

Nos Estados Unidos, o plano de saúde está vinculado ao emprego. É a única nação desenvolvida onde ficar desempregado - algo que aconteceu com milhões de pessoas durante a pandemia - significa também perder a cobertura médica.

Existem opções, mas são muito caras para uma pessoa desempregada ou passam por uma burocracia complexa e difícil de superar.

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