INTERNACIONAL

'Nada muda': o difícil progresso dos afro-americanos em Wall Street

Depois de uma carreira de mais de 20 anos em cinco países diferentes, Troy Prince, um ex-corretor da Bolsa, se lembra de ter estado apenas uma vez com outra pessoa negra em uma sala de negociação

AFP
21/12/2020 às 10:41.
Atualizado em 23/03/2022 às 23:56

Depois de uma carreira de mais de 20 anos em cinco países diferentes, Troy Prince, um ex-corretor da Bolsa, se lembra de ter estado apenas uma vez com outra pessoa negra em uma sala de negociação.

"Achei que tinha que fazer algo porque nada muda", conta.

De volta a Nova York, após um enésimo emprego no exterior, fundou a associação Wall Street Bound em 2018 para ajudar jovens de minorias a se preparar para a profissão das finanças.

"Claro que ninguém vai dizer que as salas de negociação são exclusivamente para homens brancos, mas as pessoas que pertencem às minorias geralmente não crescem com pais, tios ou irmãos que jogam golfe ou têm um amigo no ramo das finanças", explica Prince.

Ao mesmo tempo, os chefes "não acordam um dia e dizem: "Vamos recrutar na Universidade Howard (que possui principalmente estudantes negros, NDRL) ou na Universidade Pública de Nova York"".

Prince, o mais velho de cinco irmãos, filho de pais de origem caribenha e de classe média, nunca enfrentou o racismo abertamente.

Mas quando seus pais compraram uma casa no luxuoso subúrbio nova-iorquino de Westchester, ele se deu conta de que era melhor usar esse endereço do que um do Bronx para se relacionar no mundo das finanças.

"Não procuro reclamar", afirma Prince. "Quero oferecer soluções práticas e em grande escala para este problema porque as estatísticas sobre a diversidade permanecem as mesmas".

As pessoas negras constituem cerca de 13% da população dos Estados Unidos. No JPMorgan Chase, o maior banco americano, representam 13% dos empregados, mas apenas 4% nos cargos de direção.

Somente 1,3% dos aproximadamente 69 trilhões de dólares da indústria da gestão de ativos são confiados a empresas dirigidas por mulheres ou minorias, mesmo que seu desempenho seja semelhante ao de outras, de acordo com um estudo da Fundação Knight.

O CEO do Wells Fargo gerou polêmica há alguns meses quando justificou a falta de diversidade na chefia de sua empresa com uma suposta falta negros qualificados.

Quatrocentos anos após a chegada dos primeiros escravos aos Estados Unidos, os afro-americanos ainda são alvo de uma grande discriminação.

A morte do cidadão negro George Floyd, asfixiado em maio por um policial branco, desencadeou uma onda de protestos contra a violência policial e expôs as desigualdades raciais, enquanto provocou uma introspecção na sociedade americana.

O presidente eleito, Joe Biden, cuja vice-presidente Kamala Harris é negra, prometeu um gabinete diversificado, com um homem negro na liderança do Pentágono pela primeira vez. E as empresas de todos os setores prometeram promover as minorias e as mulheres, para refletir sua representatividade na sociedade.

Vários meses após assumirem esses compromissos, a AFP consultou as principais instituições financeiras, que tentam se livrar de sua reputação de reduto de homens brancos.

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