INTERNACIONAL

Nagorno-Karabakh vive 'intensos combates' após bombardeio da capital

Armênios e azerbaijanos travaram "intensos combates" em grande parte do front em Nagorno-Karabakh neste sábado (3), enquanto as autoridades de Yerevan afirmam que Baku lançou uma grande ofensiva no sétimo dia de confrontos

AFP
03/10/2020 às 12:26.
Atualizado em 24/03/2022 às 11:13

Armênios e azerbaijanos travaram "intensos combates" em grande parte do front em Nagorno-Karabakh neste sábado (3), enquanto as autoridades de Yerevan afirmam que Baku lançou uma grande ofensiva no sétimo dia de confrontos.

O presidente do território separatista, Arayik Harutyunian, vestido com uniforme militar, disse a repórteres que começou "a última batalha" por Nagorno-Karabakh, e acrescentou que estava se juntando à linha de frente para lutar ao lado de suas tropas.

Segundo a porta-voz do ministério da Defesa, Shushan Stepanian, o exército separatista "conseguiu impedir o ataque em grande escala do inimigo".

Na capital Stepanakert, o primeiro alvo dos disparos na sexta-feira, explosões foram ouvidas novamente na manhã de sábado, observou um correspondente da AFP.

Neste contexto, a diplomacia da região separatista no sábado apelou à comunidade internacional para reconhecer a independência de Nagorno-Karabakh, descrevendo a medida como "o único mecanismo eficaz para restaurar a paz".

O primeiro-ministro da Armênia se dirigiu aos cidadãos armênios em discurso transmitido pela televisão neste sábado. "Caros compatriotas, irmãos e irmãs, estamos talvez no momento mais decisivo de nossa história", declarou.

Nagorno Karabakh, território azerbaijano habitado majoritariamente por armênios, anunciou a independência do Azerbaijão em 1991, o que provocou uma guerra que deixou 30.000 mortos. A frente está praticamente congelada desde então, apesar dos combates frequentes.

"O inimigo enviou tropas reforçadas. Nossos soldados estão mostrando uma resistência heroica", disse o porta-voz do exército armênio, Artsrun Hovhannisyan, no Facebook. Ele disse aos jornalistas que "a nação e a pátria estão em perigo".

Por sua vez, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, reiterou seu apelo à retirada das forças armênias dos "territórios ocupados" do país como uma "pré-condição" para um cessar-fogo. "Vamos recuperar nossos territórios, é nosso direito legítimo e nosso objetivo histórico", declarou em entrevista à rede de televisão Al Jazeera.

O exército do Azerbaijão afirmou que 19 localidades azerbaijanas foram alvos de tiros armênios à noite e que, por isso, adotou "medidas retaliatórias firmes".

As autoridades armênias anunciaram neste sábado a morte de mais 51 soldados separatistas. O balanço parcial desde o início das hostilidades no último domingo subiu para 242 mortos: 209 soldados de Karabakh, 14 civis armênios e 19 civis azerbaijanos. Baku não divulgou suas perdas.

No entanto, cada lado reivindica êxitos negados pelo outro e relata a morte de centenas de soldados inimigos todos os dias. Os armênios garantem que mais de 3.000 soldados azerbaijanos morreram desde domingo, enquanto Baku afirma ter matado 2.300 soldados armênios.

As duas partes em conflito ignoram por enquanto os múltiplos apelos da comunidade internacional por um cessar-fogo, como os da Rússia, Estados Unidos, França e do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que pediu "o fim imediato dos combates".

Muitas potências, incluindo Rússia, Turquia e Irã, têm interesses nesta área do sul do Cáucaso.

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