INTERNACIONAL

Natal amargo para Donald Trump

Abandonado por muitos aliados, consumido pelas teorias da conspiração e enfrentado diretamente o Congresso à medida que o fim de seu mandato se aproxima, Donald Trump viajou na quarta-feira para a Flórida, onde passará seu último Natal como presidente

AFP
24/12/2020 às 10:52.
Atualizado em 24/03/2022 às 00:09

Abandonado por muitos aliados, consumido pelas teorias da conspiração e enfrentado diretamente o Congresso à medida que o fim de seu mandato se aproxima, Donald Trump viajou na quarta-feira para a Flórida, onde passará seu último Natal como presidente.

O chefe de Estado, que manteve em suspense a imprensa, o Partido Republicano e todo o país durante anos, pisou no gramado da Casa Branca por uma das últimas vezes, antes de subir no helicóptero presidencial, o Marine One, para viajar até seu clube de Mar-a-Lago, na Flórida.

Foi justamente no jardim da residência presidencial em que Trump estabeleceu alguns dos momentos mais lembrados de sua presidência, diante dos jornalistas.

Durante quatro anos, o presidente apreciou os momentos em que, ao som dos motores do helicóptero, enfrentava a imprensa com uma mistura de improvisos e bravatas, salpicada por insultos. Às vezes também repassava informações enquanto repreendia ou fazia piadas. Mas desta vez, Trump evitou os repórteres.

Desde sua derrota nas eleições de 3 de novembro para o democrata Joe Biden, o republicano embarcou em uma missão desesperada para reverter o resultado. E praticamente desapareceu: sua última interação com os jornalistas aconteceu em 26 de novembro, Dia de Ação de Graças.

Visivelmente irritado, ele admitiu que deixaria a Casa Branca em 20 de janeiro mesmo sem aceitar a vitória de Joe Biden.

Trump também acabou com o hábito de levar repórteres para acompanhar as reuniões de gabinete ou encontros com algum convidado. Nas últimas semanas, em muitos dias a agenda não mostra compromissos oficiais.

O bilionário republicano concentra a comunicação no Twitter, onde fala diretamente com 88 milhões de seguidores.

E foi em um vídeo publicado nessa rede social na terça-feira à noite que anunciou a rejeição ao pacote de estímulo de 900 bilhões de dólares aprovado no dia anterior pelo Congresso, depois de meses de negociações. Trump quer mais dinheiro para as famílias.

Este não foi o único episódio de seu confronto recorrente com os congressistas. Pouco antes de sair de férias, o republicano vetou o orçamento da Defesa aprovado por grande maioria nas duas Casas do Capitólio.

Também usa o Twitter para divulgar teorias, rejeitadas por todos os lados, inclusive pelos tribunais, de que teria sido vítima de uma grande fraude eleitoral.

A realidade é que Biden venceu as eleições. Além dos tribunais e da Suprema Corte, os estados americanos certificaram o resultado. E os representantes do Colégio Eleitoral se reuniram em 14 de dezembro para confirmar a vitória do democrata.

O televangelista Pat Robertson, cuja influência no movimento conservador cristão ajudou Trump em 2016, disse que o presidente republicano foi sincero ao negar a derrota.

"Realmente é", afirmou na segunda-feira em seu canal, Christian Broadcasting Network. "As pessoas dizem que está mentindo sobre isto ou aquilo. Mas não está mentindo. Para ele, esta é a verdade".

"O presidente ainda vive em uma realidade alternativa", acrescentou.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por