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Neandertais desapareceram da Europa antes do que se pensava, diz estudo

Fósseis de neandertais encontrados em uma caverna da Bélgica e atribuídos aos últimos sobreviventes desta espécie na Europa são vários milhares de anos mais antigos do que apontavam estudos anteriores, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira (8)

AFP
08/03/2021 às 22:22.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:28

Fósseis de neandertais encontrados em uma caverna da Bélgica e atribuídos aos últimos sobreviventes desta espécie na Europa são vários milhares de anos mais antigos do que apontavam estudos anteriores, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira (8).

Estudos de radiocarbono realizados em restos encontrados na caverna belga de Spy atribuíam-lhes uma antiguidade de 24.000 anos, mas novos exames indicam que remontam entre 44.200 e 40.600 anos atrás.

A pesquisa foi publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) dos Estados Unidos e foi realizada por cientistas de Bélgica, Grã-Bretanha e Alemanha.

Um dos coautores, Thibaut Deviese, disse à AFP que o estudo empregou uma nova tecnologia que permite estudar as amostras e excluir contaminantes.

Ter uma ideia firme de quando estes antepassados mais próximos do Homo sapiens desapareceram é considerado um primeiro passo essencial para entender sua natureza e capacidades assim como, eventualmente, saber porque desapareceram enquanto nossos ancestrais progrediram.

A nova tecnologia ainda utiliza o radiocarbono; uma espécie de padrão ouro da arqueologia, mas é mais refinada para analisar as peças.

Todo ser vivo absorve o carbono da atmosfera e da comida que ingere, inclusive o radioativo carbono 14, que vai desaparecendo com o tempo.

Por isso, ao morrer, animais e plantas param de absorver carbono 14, e a quantidade que permanece em seus restos permite determinar há quantos anos viveram.

Quando se tratam de ossos, os cientistas estudam as partes com colágeno, uma substância proteica presente em tecidos de ossos e cartilagens.

"O que fizemos foi dar um passo adiante", disse Deviese, já que que as amostras podem ser danificadas pela contaminação do sítio onde foram encontradas ou pelas substâncias empregadas nos museus para preservá-las.

A equipe de cientistas apontou, então, a análise de blocos de colágeno e em especial selecionou aminoácidos que certamente eram parte do colágeno.

Os autores do estudo também estabeleceram a idade de espécimes encontrados em outros sítios belgas (Fonds de Foret e Engis) e encontraram idades similares.

"Datar estes espécimes belgas foi muito apaixonante porque tiveram um papel importante para a compreensão e a definição dos neandertais", disse o coautor do estudo, Gregory Abrams.

"Quase dois séculos depois da descoberta do filho Neandertal de Engis, pudemos ter uma idade confiável", afirmou.

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