INTERNACIONAL

Negociações históricas de paz sobre o Afeganistão em Doha

O governo afegão e os talibãs participaram neste sábado (12) em Doha, na presença do secretário de Estado americano Mike Pompeo, no primeiro dia das negociações históricas de paz que se anunciam difíceis dadas as profundas divergências entre os dois lados

AFP
12/09/2020 às 15:02.
Atualizado em 25/03/2022 às 01:51

O governo afegão e os talibãs participaram neste sábado (12) em Doha, na presença do secretário de Estado americano Mike Pompeo, no primeiro dia das negociações históricas de paz que se anunciam difíceis dadas as profundas divergências entre os dois lados.

O chefe da diplomacia do Catar, xeque Mohammed ben Abderrahman Al Thani, presidiu a abertura das negociações, que acontecem em um grande hotel de Doha, na presença do emissário dos Estados Unidos para o Afeganistão, Zalmay Khalilzad.

No início da cerimônia, o negociador do governo afegão, Abdullah Abdullah, pediu um "cessar-fogo humanitário".

"Temos que acabar com a violência e conseguir um cessar fogo o mais rápido possível", disse Abdullah, um ex-ministro que preside o Conselho para a Reconciliação Nacional.

"Nosso país recordará deste dia como o do fim da guerra e dos sofrimentos do nosso povo", completou.

A reivindicação foi apoiada pela União Europeia (UE), que pediu o fim "imediato e incondicional" dos combates.

Khalilzad se mostrou otimista ao final do primeiro dia de conversações.

"A esperança é que aconteça uma redução imediata da violência, um cessar-fogo ou uma discussão sobre um cessar-fogo, e que no fim exista um acordo sobre um mapa do caminho político, mas também uma trégua permanente", disse.

As negociações foram adiadas por seis meses devido a profundas divergências sobre uma polêmica troca de prisioneiros entre os rebeldes e o governo.

As conversações começam um dia depois do 19º aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001, que provocaram a intervenção internacional liderada pelos Estados Unidos que expulsou os talibãs do poder (1996-2001) no Afeganistão.

As negociações acontecem no mesmo hotel de luxo que foi cenário da assinatura de um acordo histórico entre o governo dos Estados Unidos e os talibãs em fevereiro, o que abriu a porta para as atuais negociações.

Este acordo confirmou a saída das forças estrangeiras do Afeganistão até meados de 2021, em troca de garantias talibãs ambíguas, entre elas a celebração deste "diálogo interafegão".

A retirada acontecerá antes do mês de abril, afirmou Khalilzad. Atualmente, 8.600 militares americanos estão no Afeganistão e o número deve ser reduzido a 4.500 até o fim de novembro.

O presidente americano, Donald Trump, que disputará a reeleição em novembro, está determinado a acabar com a guerra mais longa da história dos Estados Unidos.

Mas uma solução rápida parece improvável e não é possível projetar o tempo de duração das negociações.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Gazeta de Piracicaba© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por