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Nos EUA, equipes de campanha invadem celulares

Os eleitores americanos recebem estranhas mensagens em seus celulares com a aproximação da eleição presidencial de 3 de novembro, informando que seu voto antecipado não foi contabilizado ou que não estão inscritos nas listas eleitorais

AFP
11/10/2020 às 10:37.
Atualizado em 24/03/2022 às 10:51

Os eleitores americanos recebem estranhas mensagens em seus celulares com a aproximação da eleição presidencial de 3 de novembro, informando que seu voto antecipado não foi contabilizado ou que não estão inscritos nas listas eleitorais.

Convidados a clicar em um link, caem num artigo que contém informações falsas sobre uma personalidade política.

Porque para coletar dados e chegar aos eleitores, as equipes de campanha devem agora contornar as redes sociais, já que Twitter, Facebook ou mesmo Google endureceram suas regras sobre publicações.

"O que estamos vendo é quase mais forte do que em 2016", diz Samuel Woolley, professor da Universidade do Texas, que lidera pesquisas sobre propaganda política.

Os dados pessoais de dezenas de milhões de usuários do Facebook em todo o mundo foram sequestrados pela empresa britânica Cambridge Analytica, que trabalhou para a campanha de Donald Trump, um escândalo que eclodiu em 2018.

"Em 2016, a dependência do Facebook e de outras redes sociais era maior, mas agora as equipes de campanha assumiram o controle da coleta de dados", observa Samuel Woolley, chamando o aplicativo móvel de Donald Trump de uma "ferramenta de monitoramento".

Sua equipe de pesquisadores observou que o aplicativo do presidente e, em menor medida, de seu concorrente democrata Joe Biden e de outros grupos de ativistas políticos, permite que os organizadores recuperem dados para criar perfis e, em seguida, enviar mensagens direcionadas por SMS, e-mail ou redes sociais.

A informação recolhida não é só dos utilizadores desses aplicativos, mas também dos seus contatos.

Thomas, de 32 anos, recebeu dezenas de mensagens em seu celular, muitas vezes em favor de Donald Trump.

"Saques. Motins. Cidades em chamas. Esta é a realidade de uma América governada por Biden", lê este gerente de TI, que mora em Boston. "Isso realmente me perturbou", explica ele. "Não subscrevo partidos políticos conservadores".

Como ele, muitos destinatários nunca baixaram um aplicativo vinculado a um partido político, nem deram consentimento para receber essas notificações, alertam os pesquisadores.

"O envio dessas mensagens não requer consentimento", explica Jacob Gursky, pesquisador da equipe de Samuel Woolley.

Algumas mensagens são, na verdade, anúncios, mas sem serem rotuladas como tal, contrariando a obrigação da mídia ou das redes sociais de fazê-lo.

O FBI também está investigando crimes relacionados a essas correspondências, como a disseminação de informações falsas ou o uso de ameaças ou intimidações.

"Pessoas sem escrúpulos usam métodos diferentes para disseminar desinformação sobre o voto, como redes sociais, mensagens de texto ou aplicativos de mensagens", disse a agência em um comunicado divulgado em setembro.

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