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Nove mil crianças morreram durante décadas em lares para mães solteiras na Irlanda

Umas 9.000 crianças morreram durante décadas na Irlanda em lares para mães solteiras, onde elas eram separadas dos filhos, revelou o relatório de uma comissão investigadora, publicado nesta terça-feira (12) em Dublin

AFP
12/01/2021 às 17:11.
Atualizado em 23/03/2022 às 22:55

Umas 9.000 crianças morreram durante décadas na Irlanda em lares para mães solteiras, onde elas eram separadas dos filhos, revelou o relatório de uma comissão investigadora, publicado nesta terça-feira (12) em Dublin.

O primeiro-ministro, Micheál Martin, anunciou que se desculpará em nome do Estado irlandês sobre este assunto, depois que a Comissão Irlandesa de Investigação sobre Lares Materno-Infantis encontrou níveis "inquietantes" de mortalidade infantil nestas instituições, que funcionaram no país fortemente católico até 1998.

"É difícil imaginar a magnitude da tragédia e a dor que se esconde por trás da cifra de 9.000 crianças e bebês" mortos, afirmou o ministro irlandês da Infância, Roderic O"Gorman.

Dirigidos por freiras, em colaboração com o Estado irlandês, estes lares acolhiam adolescentes e jovens rejeitadas pelas famílias.

As crianças que nasciam ali, consideradas ilegítimas, frequentemente eram separadas das mães e dadas em adoção, rompendo os laços com suas famílias biológicas.

A comissão foi criada para lançar luz sobre o alto nível de mortalidade infantil registrado nestas instituições entre 1922 e 1998.

O relatório descreve um "capítulo obscuro e vergonhoso da história recente da Irlanda", afirmou o premier, destacando a "cultura misógina" do país durante "várias décadas".

Particularmente, Martin destacou "a grave e sistemática discriminação contra as mulheres, especialmente às que deram à luz fora do casamento" neste país profundamente católico.

"Tínhamos uma atitude completamente distorcida com relação à sexualidade e à intimidade", uma "disfunção" pela qual "as jovens mães e seus filhos e filhas" nestas instituições "se viram obrigados a pagar um preço terrível", afirmou.

A cifra de 9.000 mortes corresponde a 15% das 57.000 crianças que passaram por estes estabelecimentos durante os 76 anos examinados pela comissão investigadora.

"Toda a sociedade foi cúmplice", disse o chefe de governo.

A investigação foi iniciada em 2015 com base no trabalho da historiadora Catherine Corless.

Ela afirmou que quase 800 crianças nascidas em uma destas instituições, o Lar St Mary das Irmãs do Bom Socorro, em Tuam, oeste do país, foram enterradas em uma vala comum entre 1925 e 1961.

jts-spe-acc/pc/mvv

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