INTERNACIONAL

Novo chefe do BID promovido por Trump defende 'pan-americanismo'

O novo chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver-Carone, um americano promovido pelo presidente Donald Trump a um cargo que sempre esteve nas mãos de latino-americanos, busca realizar "o sonho do pan-americanismo" diante do avanço da China na região

AFP
21/09/2020 às 18:03.
Atualizado em 25/03/2022 às 00:14

O novo chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Mauricio Claver-Carone, um americano promovido pelo presidente Donald Trump a um cargo que sempre esteve nas mãos de latino-americanos, busca realizar "o sonho do pan-americanismo" diante do avanço da China na região.

"A China nunca vai suplantar a relação entre os países das Américas", disse à AFP este advogado, nascido em Miami há 45 anos, filho de um espanhol e de uma cubana, com experiência na Casa Branca, no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Tesouro, conhecido por suas críticas a Cuba e Venezuela.

Veja os pontos principais da entrevista:

Pergunta: O governo Trump buscou a presidência do BID para conter a influência chinesa na América Latina?

Resposta: Os Estados Unidos lançaram esta candidatura para ajudar na recuperação econômica da pandemia e para garantir que a região não sofra mais uma década perdida. Essa é a razão. O presidente entende, acredito que melhor do que seus antecessores, a importância da vizinhança. Embora tenha uma visão de seu país primeiro, a extensão natural disso é o continente americano primeiro.

P: A entrada da China no BID em 2008 foi um erro?

R: Não. O erro foi que os Estados Unidos não prestarem atenção suficiente ao BID. A China desempenha um papel importante no comércio internacional, mas é um país distante das Américas e totalmente controlado por um Estado. Portanto, o que buscamos é realizar o sonho do pan-americanismo, que existe desde antes da China ser uma potência econômica. A China nunca vai suplantar a relação entre os países das Américas, mas vai preencher as lacunas existentes. E isso é válido competitivamente! Não podemos ficar com raiva da China por isso, mas de nós mesmos por termos deixado o vácuo.

P: O BID empresta cerca de US$ 13 bilhões anualmente para a região. A presença do Banco na região aumentará?

R: Claro. Primeiro, aumentando o capital. A meta é que na próxima Assembleia do BID, em março, em Barranquilla, seja votada essa capitalização. Em segundo lugar, mobilizando mais recursos do setor privado. Atualmente, para cada dólar que o BID empresta, mobiliza 40 centavos. Eu gostaria que fossem quatro. E a pandemia nos dá uma grande oportunidade, porque as empresas querem voltar às Américas e garantir a proximidade nas cadeias produtivas. E, em terceiro lugar, fazer as plataformas de cada país nas instituições financeiras internacionais serem conjuntas, algo que já discuti com David Malpass (presidente do Banco Mundial) e Kristalina Georgieva (diretora-gerente do FMI).

P: Sua candidatura gerou muita resistência.

R: Muito pelo contrário. Há mais consenso do que no passado: em 2005, a primeira vez que o (presidente em final de mandato) Luis Alberto Moreno aspirou ao cargo, obteve 56% dos votos dos acionistas e contou com o apoio de 20 dos 28 países da região. Eu obtive 67% e 23% de apoio. Esta eleição recebeu muita atenção por causa da minha nacionalidade americana. Nenhum país criticou o que propus.

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