INTERNACIONAL

Novo coronavírus seria sensível às estações?

Desde os primeiros dias da pandemia de COVID-19 na Europa, a dúvida sobre se o vírus SARS-CoV-2 desapareceria com a chegada do verão persiste

AFP
13/06/2020 às 11:07.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:49

Desde os primeiros dias da pandemia de COVID-19 na Europa, a dúvida sobre se o vírus SARS-CoV-2 desapareceria com a chegada do verão persiste. O novo coronavírus agirá como uma gripe sazonal?

Três meses depois, o declínio geral da doença observado no Velho Continente durante os últimos dias da primavera reviveu a hipótese.

Não é uma ideia descabida para um "vírus respiratório", razão pela qual foi estudada e discutida em várias publicações científicas.

"Muitos vírus respiratórios são sazonais, como os da gripe ou o RSV [vírus sincicial respiratório, responsável pela bronquiolite em recém-nascidos]", explica o epidemiologista Antoine Flahault, que dirige o Instituto de Saúde Global da Universidade de Genebra.

Assim, o SARS-CoV-2 também pode estar sujeito à influência das estações do ano: temperatura, umidade, exposição ao sol ou comportamento humano. Mas que argumentos sustentam essa afirmação?

Em primeiro lugar, o vírus surgiu "no inverno" na China Continental, no final de 2019. Mais tarde, "levou a fortes epidemias nas zonas temperadas do hemisfério norte entre janeiro e maio", ressalta Flahault, enquanto "sua atividade era mais baixa nas zonas temperadas do hemisfério sul".

Por algumas semanas, "registramos um declínio pronunciado em quase todos os lugares, exceto em algumas regiões do hemisfério norte, como Suécia, Polônia e alguns estados dos Estados Unidos", acrescenta o especialista.

Em contrapartida, "à medida que o inverno austral se aproxima, Argentina, Chile, sul do Brasil e África do Sul estão testemunhando um forte crescimento epidêmico", ressalta.

"Dá a impressão de que há um freio de verão, mas pode ser parcial e não necessariamente impedir a circulação, talvez moderada, durante o verão em nosso hemisfério", acrescenta Antoine Flahault.

Na França, o presidente do conselho científico da COVID-19, que assessora o governo sobre a epidemia, Jean-François Delfraissy, também sugeriu essa hipótese.

O "cenário número um" esperado para o verão é "um controle da epidemia" na França, graças "às consequências do confinamento", mas também "ao fato de que esse vírus pode ser sensível à temperatura", disse ele na rádio France Inter.

No entanto, a sazonalidade do SARS-CoV-2 continua sendo uma hipótese difícil de verificar, diz o especialista em doenças infecciosas Pierre Tattevin.

No momento em que as temperaturas aumentavam na Europa e na França, "nos confinamos ao máximo", enfatiza.

Da mesma forma, é difícil diferenciar a influência que a mudança de estação teve e o efeito do confinamento na atual desaceleração da epidemia.

"Existem tantos parâmetros em jogo que não podemos saber o que está ligado ao clima, o que está ligado à estação ou ao fato de as pessoas prestarem mais atenção", alerta o especialista do hospital CHU de Rennes (oeste da França).

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