Milhares de partidários da oposição de Belarus se concentraram na noite desta segunda-feira (17) em uma nova manifestação após um dia tenso para o presidente Alexandre Lukashenko, que foi vaiado por operários em uma fábrica e confrontado com um movimento grevista crescente
Milhares de partidários da oposição de Belarus se concentraram na noite desta segunda-feira (17) em uma nova manifestação após um dia tenso para o presidente Alexandre Lukashenko, que foi vaiado por operários em uma fábrica e confrontado com um movimento grevista crescente.
Pelo menos 5.000 pessoas protestaram à noite em Minsk, gritando "Fora!" ao chefe de Estado no poder desde 1994 e reeleito para um sexto mandato com 80% dos votos em uma eleição presidencial muito questionada em 9 de agosto.
A oposição, que no domingo reuniu mais de 100.000 pessoas na maior manifestação da história do país, denuncia fraudes maciças e pede que Lukashenko entregue o poder à líder da oposição, Svetlana Tijanovskaya, refugiada na Lituânia, e que se disse disposta a "assumir suas responsabilidades".
Os manifestantes de Minsk pediram a libertação dos "prisioneiros políticos" em frente a um centro de detenção da capital.
Também declararam apoio a Pavel Latushk, ex-ministro da Cultura e diretor do teatro acadêmico de Estado, suspenso na segunda-feira por ter pedido publicamente novas eleições e a saída de Lukashenko. Segundo a imprensa bielorrussa, vários membros de sua companhia se demitiram em solidariedade.
O apoio às reivindicações da oposição se multiplicam, em particular com greves em várias empresas estatais e setores industriais vitais para a economia do país. "Instamos a todos os coletivos de trabalhadores a se somarem à greve ilimitada, exigindo a demissão de Alexandre Lukashenko", declarou a equipe de campanha de Tijanovskaya.
Mais cedo, Lukashenko protagonizou um confronto tenso com trabalhadores em greve no dia seguinte a uma manifestação gigantesca para pedir sua renúncia.
Esta manhã, milhares de manifestantes se reuniram diante da fábrica de veículos pesados (MZKT) e da fábrica de tratores (MTZ) de Minsk, assim como em frente à sede da televisão governamental bielorrussa. Com bandeiras brancas e vermelhas, as cores da oposição, gritavam slogans contra o poder.
A visita do presidente à fábrica MZKT, aonde chegou de helicóptero, provocou um choque com trabalhadores que lhe gritaram "fora!", enquanto discursava e respondia perguntas.
"Obrigado, já disse tudo o que queria dizer. Podem dizer "fora"", afirmou Lukashenko no final de seu discurso, visivelmente irritado.
O presidente insistiu que não abandonaria o poder. "Nunca farei algo sob pressão", declarou. "Até que me matem, não haverá eleições", disse ele, desafiador.
No entanto, ele esclareceu posteriormente que estava pronto para organizar novas eleições, mas após a adoção de uma nova Constituição, sem dar mais detalhes.