INTERNACIONAL

O confronto no Cáucaso que ninguém quer que degenere em guerra

As potências regionais acompanham com ansiedade o confronto entre Armênia e Azerbaijão em Nagorno Karabakh, que ninguém quer ver degenerar em uma guerra que dificilmente teria um vencedor claro

AFP
02/10/2020 às 10:15.
Atualizado em 24/03/2022 às 11:16

As potências regionais acompanham com ansiedade o confronto entre Armênia e Azerbaijão em Nagorno Karabakh, que ninguém quer ver degenerar em uma guerra que dificilmente teria um vencedor claro.

Os beligerantes têm um ponto em comum, como enfatiza o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS): ambos herdaram seu arsenal, doutrina e conhecimentos da era soviética.

De acordo com os especialistas consultados pela AFP, a Armênia é superior no âmbito aéreo, e o Azerbaijão leva vantagem no solo.

Segundo o diretor da Fundação Mediterrânea para Estudos Estratégicos (FMES), Pierre Razoux, a Armênia tem uma força de 50 mil homens e mulheres, com potencial de mobilização de 500 mil soldados, além de 20 mil soldados e 100 tanques em Nagorno Karabakh.

Somados a isso, estão 180 tanques e outros 200 veículos blindados, 35 caças e "mísseis balísticos que podem atingir as instalações de petróleo do Azerbaijão".

E, sobretudo, a base militar russa em Gyumri (noroeste), com 3.300 soldados, 240 veículos blindados, além dos mísseis balísticos S300 e S400.

Do lado oposto, segundo o especialista, o Azerbaijão tem 90 mil homens, 20 mil paramilitares e 300 mil reservistas.

"O material terrestre é muito mais importante com cinco divisões, 600 tanques, 100 deles T90s modernizados, o melhor da panóplia militar russa", garante. Fora os mísseis terra-ar S300.

Ambos os países usam drones israelenses, ocidentais, ou turcos - no caso do Azerbaijão. Mas Nagorno Karabakh, localizado em uma área montanhosa dificilmente conquistável, está protegido por sua localização geográfica.

No Cáucaso, o conflito entre essas duas ex-repúblicas soviéticas localizadas entre o Mar Cáspio e o Mar Negro dificilmente pode ser resolvido sem a intervenção de Moscou.

"A Rússia tentou durante anos mostrar neutralidade, entregando armas aos dois países e garantindo um equilíbrio de forças. Mas em breve terá que escolher", diz o especialista Alexander Golts, da revista russa "Ekhednevny".

"A situação é diplomática e estrategicamente incerta, com os Estados Unidos à margem, o que deixa um espaço livre a ser preenchido pela Rússia e pela Turquia", estima Matthew Bryza, ex-embaixador dos Estados Unidos no Azerbaijão.

De fato, a Turquia é, agora, a potência mais ativa. Especialistas dizem que o Azerbaijão não agiria sem a aprovação do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que multiplica suas frentes estrangeiras, enquanto alimenta o eleitorado nacionalista.

Na Síria e na Líbia, ele enfrenta o presidente russo, Vladimir Putin, e, no Mediterrâneo oriental, desafia a União Europeia. Agora, uma nova frente se abre no Cáucaso.

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