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O que se sabe sobre as duas novas variantes da covid-19?

O surgimento no Reino Unido e na África do Sul de diferentes variantes do vírus SARS-CoV-2 preocupa a comunidade internacional já que, segundo os primeiros dados, são mais contagiosas

AFP
04/01/2021 às 12:09.
Atualizado em 24/03/2022 às 01:13

O surgimento no Reino Unido e na África do Sul de diferentes variantes do vírus SARS-CoV-2 preocupa a comunidade internacional já que, segundo os primeiros dados, são mais contagiosas.

Todos os vírus sofrem mutações, ou seja, se modificam quando se replicam.

O SARS-CoV-2 já sofreu inúmeras variações desde sua aparição, mas geralmente sem consequências. No entanto, algumas mutações podem favorecer sua sobrevivência, por exemplo, se alcançarem um contágio maior.

A variante B.1.1.7, chamada agora VOC 202012/01, foi detectada em novembro no Reino Unido, após se desenvolver "provavelmente" em setembro no sudeste da Inglaterra, segundo o Imperial College de Londres.

Depois de se propagar rapidamente nesse país, a variante foi detectada em outras dezenas de países, dos Estados Unidos à Coreia do Sul, passando pela Índia, França e Dinamarca.

A maioria dos casos foram importados do Reino Unido, mas alguns não têm nenhuma relação comprovada com esse país, como é o caso da Dinamarca, com 86 pacientes identificados.

A variante 501.V2, agora predominante na África do Sul, foi detectada por lá em outubro e localizada em outros países como Reino Unido e França.

Segundo os especialistas, o número de casos de ambas as variantes está subestimado no momento.

As duas apresentam várias mutações das quais uma, a N501Y, afeta a proteína "spike" do coronavírus, uma ponta que serve para se prender ao receptor ACE2 das células humanas e penetrá-las.

Esta mutação aumenta as capacidades de adesão do vírus ao receptor ACE2. Embora "não exista nenhuma relação claramente estabelecida entre a adesão ao ACE2 e uma maior transmissão, é possível que exista", de acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC).

Vários estudos científicos, baseados principalmente em análises de modelos e ainda não avaliados por outros especialistas de acordo com o protocolo científico, concluem que a variante britânica é muito mais transmissível, o que confirma a avaliação inicial do grupo de pesquisadores NERVTAG, que assessora o governo britânico e que estimou a diferença entre +50% e +70%.

Desta maneira, segundo os cálculos da London School of Hygiene and Tropical Medicine (LSHTM), a variante britânica seria entre 50-74% mais contagiosa. Para o Imperial College de Londres, que analisou milhares de genomas do vírus SARS-CoV-2, a capacidade de contágio é entre 50-75% maior e a taxa de reprodução (R) é de entre 0,4 e 0,7 maior que o vírus habitual.

As conclusões preliminares sobre a variante sul-africana também mostram uma maior transmissão, mas há menos dados disponíveis.

Na ausência de resultados conclusivos, alguns especialistas se mostram cautelosos.

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