INTERNACIONAL

Omar, um bebê de Gaza, morre por fim da cooperação entre palestinos e Israel

Com problemas cardíacos, Omar Yaghi, um bebê de oito meses de Gaza, precisava ser transferido para um hospital israelense

AFP
23/06/2020 às 08:47.
Atualizado em 27/03/2022 às 16:07

Com problemas cardíacos, Omar Yaghi, um bebê de oito meses de Gaza, precisava ser transferido para um hospital israelense. Mas com o fim da cooperação decretada pelos palestinos, a operação foi adiada e Omar morreu.

A família Yaghi está "no fundo do poço" desde a morte de Omar na quinta-feira passada. Segundo as ONGs, ele é a primeira vítima desde a interrupção da cooperação de segurança anunciada em maio pelo presidente palestino Mahmoud Abbas para protestar contra o projeto israelense de anexar áreas da Cisjordânia ocupada.

"Somos vítimas dessa discordância", lamenta Mohamed, tio do bebê, explicando que os pais do menino pediram que ele respondesse à AFP por estarem devastados.

Omar, nascido em outubro com problemas cardíacos, precisava realizar uma operação em 24 de maio, quatro dias após o decreto do presidente Abbas para encerrar a cooperação com o Estado hebreu.

A operação de Omar foi planejada para acontecer em Israel, onde os hospitais estão muito bem equipados.

Os feridos e gravemente doentes de Gaza e Cisjordânia podem ser transferidos para hospitais em Israel, mas sua passagem de um território para outro requer coordenação entre as administrações.

Embora Gaza esteja sob o controle do movimento islâmico Hamas, a regulamentação para entrar e sair é entre Israel e a Autoridade Palestina de Mahmoud Abbas.

Após a suspensão no final de maio, várias ONGs se mobilizaram para tentar encontrar uma solução.

Mas Omar sucumbiu três dias antes da nova data da operação em um hospital perto de Tel Aviv, cerca de 60 km ao norte da Faixa de Gaza.

Quem é responsável pela morte do pequeno Omar? "A ocupação (termo usado por muitos palestinos para se referir a Israel) é responsável pelo acesso de Gaza", diz Mohamed, contatado por telefone.

A unidade do governo israelense encarregada de coordenar com os territórios palestinos, o COGAT, diz que continua a acordar o acesso "aos residentes da Faixa de Gaza para tratamento vital ou outras necessidades humanitárias".

Quando Omar tinha um mês, foi transferido para o hospital Tel Hashomer.

Na quarta-feira passada, pouco antes da meia-noite, os pais de Omar o levaram a um hospital em Gaza, "onde ele recebeu ressuscitação cardíaca e respiração assistida", explica seu tio. Mas sua condição deteriorou-se rapidamente.

Sua família tentou obter uma transferência urgente para Israel. "Mas às 10h (de quinta-feira), a administração do hospital entrou em contato com Ahmed, pai de Omar, para informá-lo da morte de seu filho", relata o tio.

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