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ONG denuncia 'destruição deliberada' de hospitais na região etíope de Tigré

As estruturas sanitárias na região etíope de Tigré foram "destruídas de forma deliberada e generalizada" e algumas estão ocupadas por soldados - denunciou a organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (15)

AFP
15/03/2021 às 07:44.
Atualizado em 22/03/2022 às 09:07

As estruturas sanitárias na região etíope de Tigré foram "destruídas de forma deliberada e generalizada" e algumas estão ocupadas por soldados - denunciou a organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (15).

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2019, lançou uma intervenção militar nesta região no início de novembro, destinada a expulsar a Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF), partido local no poder. A sigla é acusada de ter atacado as bases do Exército federal.

"As estruturas sanitárias da região etíope de Tigré foram deliberada e extensivamente saqueadas, vandalizadas e destruídas, de acordo com as observações das equipes de Médicos Sem Fronteiras lá", disse a ONG no mesmo comunicado.

MSF garante que visitou 106 centros "entre meados de dezembro e início de março", dos quais 70% foram "saqueados". Apenas 13% "funcionam normalmente".

"Um centro de saúde em cada cinco visitados pelas equipes de MSF estava ocupado por soldados. Em alguns casos, esta ocupação foi temporária, em outros, continuava no momento da visita", relata a nota.

Em Abiy Adi (centro), o hospital esteve ocupado até o início de março pelas forças etíopes para tratar seus soldados, diz MSF. Em Mugulat (leste), porém, os soldados "eritreus" usam o centro de saúde local para fins militares.

Adis Abeba e Asmara negam a presença de soldados procedentes da Eritreia no Tigré.

Os "saques" continuam, denuncia MSF.

"No hospital Adwa, no centro da região, os equipamentos médicos, principalmente ecógrafos e monitores, foram destruídos deliberadamente", acrescentou a ONG.

A organização destaca que esta situação atinge duramente a população local, afetada pela insegurança e pela ausência de pessoal médico. Esse quadro obriga os habitantes a se deslocarem para centros menos equipados, muitas vezes caminhando, já que os soldados demandam as ambulâncias.

É necessário que "as estruturas sanitárias sejam reabilitadas e que recebam mais material e ambulâncias e que o pessoal receba seus salários e tenha a possibilidade de trabalhar em um ambiente seguro", declarou o diretor-geral de MSF, Olivier Behn, reivindicando a proteção dos profissionais de saúde.

Abiy proclamou vitória em Tigré no final de novembro passado, após a captura da capital regional Mekele. Os líderes da TPLF seguem foragidos, e os combates continuam na região.

rcb-md/hba/af/lda/tt

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