INTERNACIONAL

ONU alerta sobre possíveis crimes de guerra na Etiópia

A ONU alertou nesta sexta-feira para possíveis crimes devido aos muitos civis que morreram na região de Tigré, na Etiópia, onde o governo federal lançou uma operação militar há dez dias

AFP
13/11/2020 às 11:06.
Atualizado em 24/03/2022 às 01:05

A ONU alertou nesta sexta-feira para possíveis crimes devido aos muitos civis que morreram na região de Tigré, na Etiópia, onde o governo federal lançou uma operação militar há dez dias.

O primeiro-ministro Abiy Ahmed, ganhador do prêmio Nobel da Paz no ano passado, ordenou esta operação na região dissidente, causando choque na comunidade internacional, que teme o início de uma longa e sangrenta guerra civil.

Centenas de pessoas foram mortas e milhares fugiram dos combates e ataques aéreos em Tigré, cujos líderes Abiy acusa de tentar desestabilizar o país.

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu uma investigação abrangente sobre os relatos de um massacre na cidade de Mai-Kadra, relatados pela Anistia Internacional.

"Se for confirmado que eles foram cometidos deliberadamente por uma das partes no conflito, essas mortes de civis certamente equivaleriam a crimes de guerra", disse Bachelet em um comunicado.

Segundo testemunhas, o massacre foi perpetrado pela guerrilha da região dissidente de Tigré, a Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF, por sua sigla em inglês).

Também destacaram que algumas vítimas eram da região de Amhara, uma área com um longo histórico de tensões com o Tigré.

Milhares de milicianos de Amhara foram posicionados na fronteira com o Tigré para lutar ao lado das forças federais.

O líder da TPLF, Debretsion Gebremichael, disse à AFP nesta sexta-feira que essas acusações eram "infundadas".

Abiy Ahmed afirma que sua operação militar é uma resposta aos ataques a dois campos militares federais pela TPLF, que no passado dominou a política etíope e que afirma ter sido marginalizada e atacada pelo primeiro-ministro. O partido nega ter realizado esses ataques.

As tensões entre Abiy e a TPLF aumentaram em setembro, quando, depois que as eleições nacionais foram suspensas devido ao coronavírus, a região deu início às suas próprias eleições, insistindo que Abiy era um líder ilegítimo.

Nesta sexta-feira, Abiy Ahmed enviou uma mensagem à região, especialmente aos seus soldados, instando-os a "se levantar" e ficar ao lado do exército nacional.

"Essa força do mal está cercada por todos os lados. É uma força em seu último suspiro. Seus filhos estão sofrendo mortes e ferimentos na frente", declarou em discurso transmitido no Facebook no idioma da região.

Um apagão de comunicações no Tigré tornou difícil verificar as reivindicações de cada lado no terreno, mas Abiy Ahmed prometeu uma vitória decisiva "em um período de tempo relativamente curto".

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