Erradicar a fome, a pesca predatória e o desmatamento até 2030 são as metas do milênio estabelecidas pela ONU que podem não ser alcançadas por causa da pandemia da covid-19, alertou uma de suas agências nesta terça-feira (15)
Erradicar a fome, a pesca predatória e o desmatamento até 2030 são as metas do milênio estabelecidas pela ONU que podem não ser alcançadas por causa da pandemia da covid-19, alertou uma de suas agências nesta terça-feira (15).
Em relatório publicado em Genebra, a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) indica que "o progresso é insuficiente" e o "mundo está longe de alcançar" os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODD) estabelecidos pela ONU até 2030, relacionado à agricultura sustentável, segurança alimentar e gestão de recursos naturais nos mares e florestas.
"Hoje, devido à epidemia da covid-19, uma crise sanitária, econômica e social sem precedentes ameaça as vidas e os meios de subsistência dificultando o alcance dessas metas", ressalta a agência.
De acordo com Máximo Torero, economista-chefe da FAO, a pandemia aumenta os problemas relacionados à falta de dados e dificulta a tarefa dos tomadores de decisão política diante das situações de crise.
Esse cenário acontece em um mundo que já lutava para administrar seu abastecimento de alimentos, sua agricultura, sua pesca e suas florestas diante do aumento dos conflitos e do aquecimento global.
Quatro dos projetos mais importantes da agência da ONU ficaram para trás em relação ao cronograma estabelecido: o combate à desnutrição, os investimentos públicos agrícolas - que caíram um terço desde 2001 em relação ao PIB -, a sustentabilidade das populações de peixes e a extensão das superfícies florestais.
O número de pessoas afetadas pela desnutrição no mundo cresce lentamente desde 2014: cerca de 690 milhões de pessoas (8,9% da população mundial) já passavam fome antes da pandemia.
Isso significa um aumento anual de 10 milhões de pessoas e cerca de 60 milhões em cinco anos.
"O mundo não está nem perto de atingir o Objetivo 2.1 "Fome Zero" até 2030", informa o relatório.
A ONU está em alerta com o agravamento da insegurança alimentar, denominada "moderada e grave", que atinge 2 bilhões de pessoas no planeta.
Nos mares e oceanos, "a disponibilidade dos recursos pesqueiros mundiais não para de diminuir, ainda que em um ritmo mais lento", afirma o documento.
A pesca predatória acelerou em 40 anos, com uma população de peixes gerida de forma sustentável reduzida a 65,8% dos recursos em 2017, contra 90% em 1974.
No entanto, a ONU indica uma "pequena melhoria" no combate à pesca ilegal.
Nas florestas, a perda de áreas florestais "continua", porém "em ritmo mais lento".