INTERNACIONAL

Pandemia revela precariedade do trabalho sazonal estrangeiro na Europa

Eles são romenos, poloneses, malinenses ou tailandeses e chegam todo verão para colher frutas e verduras em estabelecimentos agrícolas europeus

AFP
05/08/2020 às 10:04.
Atualizado em 25/03/2022 às 17:40

Eles são romenos, poloneses, malinenses ou tailandeses e chegam todo verão para colher frutas e verduras em estabelecimentos agrícolas europeus. Este ano, suas condições de trabalho, geralmente muito precárias, pioraram pela crise de saúde do coronavírus.

Na Baviera, 174 casos, 250 em Aragão e 170 na Provença: os exemplos de surtos de coronavírus não faltam em fazendas em toda a Europa desde o início deste verão.

Segundo Fernando Simón, epidemiologista chefe do ministério da Saúde da Espanha, "é muito possível que continue a surgir surtos associados a trabalhadores sazonais", enquanto as colheitas continuarão até outubro.

Apesar das restrições de viagem, é impossível para os produtores de frutas e legumes ficar sem essa mão de obra, geralmente do Leste Europeu ou da África.

Em maio, os agricultores de várias regiões da Itália fretaram voos com seus próprios meios para atrair trabalhadores romenos e marroquinos.

Ficar na Romênia "teria sido difícil", disse à AFP Maria Codrea, cuja renda anual depende muito da colheita nos vinhedos italianas.

O mesmo vale para os empregadores, que não estão dispostos a desistir dessa mão de obra barata: "Sem eles, não conseguiríamos", reconhece o agricultor espanhol Ignacio Gramunt.

A pesada carga de trabalho por salários muito baixos já gerava polêmica, e agora as condições de trabalho são especialmente criticadas em período de pandemia.

Na Espanha, na cidade andaluza de Lepe, dezenas de imigrantes africanos afirmam, por exemplo, que nunca foram submetidos a testes de detecção de coronavírus.

Eles acampam em frente à prefeitura desde que os barracos onde moravam sem água ou eletricidade foram incendiados há duas semanas por motivos desconhecidos e pedem uma realocação decente.

"Dormimos nesses colchões e papelão porque há 14 dias não temos qualquer resposta", lamenta Lamine Diakité, um trabalhador temporário malinense de 32 anos.

Na Itália, o governo prometeu em maio regularizar os trabalhadores temporários sem documentos. Mas, de fato, pouquíssimos produtores concordaram em pagar os 500 euros (cerca de US$ 590) necessários para esse ato administrativo, segundo a mídia local.

Muitos trabalhadores clandestinos vivem em condições deploráveis, suportando o sistema "caporalate", onde os intermediários que os conectam aos agricultores mantêm parte de seus salários.

Cada governo tenta aplicar sua receita para garantir condições decentes e monitorar melhor a chegada de trabalhadores sazonais de todo o mundo.

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