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Paris-2024 e o medo do desconhecido após adiamento de Tóquio-2020

O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 para 2021, combinado à inevitável crise econômica que virá ao fim da pandemia do coronavírus, modifica o percurso até Paris-2024, que agora terá que se adaptar a um novo cenário

AFP
27/03/2020 às 12:06.
Atualizado em 31/03/2022 às 06:27

O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020 para 2021, combinado à inevitável crise econômica que virá ao fim da pandemia do coronavírus, modifica o percurso até Paris-2024, que agora terá que se adaptar a um novo cenário.

Uma era do desconhecido se aproxima, ou pelo menos um caminho mais caótico que o previsto para a capital francesa.

"Claramente, este período cria muitas dúvidas", afirma Virgile Caillet, delegado-geral da União Espote e Bicicleta, representante das empresas do setor esportivo.

Ainda é cedo para avaliar o impacto da crise econômica nas grandes obras previstas para os Jogos (3 bilhões de euros previstos em investimento público e privado), das quais a maioria ainda não foi iniciada, com exceção da Vila Olímpica em Saint-Denis (norte de Paris), que está em fase prévia de demolição.

Também há dúvidas em relação aos patrocinadores, essenciais no orçamento do Comitê Organizador Local (COL) com um aporte estimado entre 1 e 1.2 bilhão de euros.

A recessão parece inevitável, e com ela as dúvidas sobre investimentos por parte das empresas que tinham os Jogos de 2024 como um objetivo fundamental nos próximos quatro anos.

"Paris-2024 redobrará esforços ao fim da crise, porque a economia vai se relançar, mas daí a anunciar um investimento de 80 a 100 milhões de euros para ser patrocinador de um evento que acontecerá em 2024 é um risco", prevê Jean-François Lamour, ex-ministro de Esportes da França.

Dividir os holofotes por um ano com os Jogos de Tóquio também atrapalha o caminho traçado.

"Se os Jogos de Tóquio acontecerem no verão (boreal) de 2021, será que as empresas manterão em 2020 seus patrocínios com Paris-2024? É preciso começar uma grande mobilização entre os francês pelos Jogos de Paris antes que os Jogos de Tóquio aconteçam? Há o risco de um ano em branco para Paris-2024", questiona Bruno Bianzina, diretor-geral da agência Sport Market.

Este ano de "Olimpíada dupla", inédito na história, provoca incógnitas na gestão dos patrocinadores.

"Agora todo mundo está olhando atentamente para os contratos. Os direitos dos patrocinadores de Paris-2024 deveriam teoricamente ativar-se após Tóquio, depois do verão (boreal) de 2020", explica Magali Tézénas du Montcel, diretora da agência Sporsora.

Outros acreditam que Paris-2024 fechará sem dificuldades seu orçamento com patrocinadores.

"São patrocinadores de longa data, e a crise que se aproxima será pontual. Há bastante tempo até 2024 para ativar os patrocínios. Não estou preocupada, simplesmente será preciso fazer as coisas de uma outra maneira", completa.

"Tenho certeza que acabarão concretizando seu plano de marketing, mas será muito mais caótico", prevê Bruno Bianzina.

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