O setor do parlamento líbio que apoia o marechal Khalifa Haftar se mostrou a favor de uma eventual intervenção militar egípcia contra a "ocupação" turca que apoia o Governo de União Nacional (GNA), que controla outro área do país
O setor do parlamento líbio que apoia o marechal Khalifa Haftar se mostrou a favor de uma eventual intervenção militar egípcia contra a "ocupação" turca que apoia o Governo de União Nacional (GNA), que controla outro área do país.
Cabe "às forças armadas egípcias intervir para proteger a segurança nacional líbia e egípcia caso vejam uma ameaça iminente à segurança de nossos dois países", diz um comunicado divulgado na noite de segunda-feira pelo setor pró-Haftar do parlamento eleito em 2014.
Desde a queda do governo de Muammar Khadafi em 2011, após uma revolta popular, a Líbia mergulhou no caos e em uma guerra que se tornou mais complexa com a crescente presença de atores internacionais.
Atualmente, a Líbia é palco de um conflito entre dois poderes rivais: o GNA, reconhecido pela ONU e com sede em Trípoli, e o marechal Haftar, que controla o leste e parte do sul do país.
O GNA é apoiado pela Turquia, que enviou militares para a área. O segundo tem o apoio do vizinho Egito, da Rússia e dos Emirados Árabes Unidos.
O anúncio do parlamento responde a um discurso do presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi em 20 de junho, no qual ameaçou intervir diretamente na Líbia, em resposta ao envolvimento direto da Turquia.
As relações entre Cairo e Ancara se deterioraram desde a derrubada em 2013 do presidente islâmico Mohamed Mursi, que tinha o apoio da Turquia.
Com a ajuda de Ancara, as forças pró-GNA alcançaram vitórias importantes desde o começo de junho, recuperando o controle de todo o noroeste da Líbia, derrotando a ofensiva de Haftar contra Trípoli.
"Pedimos esforços conjuntos entre os dois países irmãos, Líbia e Egito, para garantir a derrota do ocupante invasor (Turquia) e preservar nossa segurança nacional comum", acrescentou o parlamento líbio no comunicado.
"Os perigos da ocupação turca representam uma ameaça direta para nosso país e para os países vizinhos, principalmente para o Egito", continua.
O parlamento não reconhece a legitimidade do líder do GNA, Fayez al Sarraj, e apoia um governo rival com sede no leste, e o autoproclamado Exército Nacional Líbio (ANL) do marechal Haftar.
Mas o legislativo também está enfraquecido pelas divisões, já que cerca de 40 deputados anti-Haftar partiram para Trípoli, onde elegeram outro presidente da Assembleia.
Por sua vez, os Emirados Árabes Unidos rejeitaram as ameaças do GNA de tomar o controle de Sirte, cidade estratégica a meio caminho entre Trípoli, ao oeste, e Bengasi, ao leste.
Esses "tambores de guerra (...) podem gerar sérias consequências políticas e humanas" alertou no Twitter o ministro das Relações Exteriores dos Emirados, Anwar Gargash.